Parlamentares lamentam destruição do Museu Nacional e defendem mais zelo com patrimônio cultural


O incêndio de grandes proporções atingiu, no começo da noite de domingo (2), o Museu Nacional do Rio de Janeiro.

Parlamentares do PSDB lamentaram a tragédia que destruiu boa parte do acervo do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, e defenderam mais cuidado e atenção com o patrimônio cultural do Brasil. Por meio de manifestações em redes sociais e no Plenário da Câmara, apontaram fatores como falta de recursos e falhas de gestão. Além disso, alertaram para as consequências devastadoras para a memória brasileira. 

Representante do Rio na bancada tucana na Câmara, o deputado Otavio Leite (RJ) afirmou que o Brasil começou a semana de luto. “A maioria dos nossos museus já vivem em precárias situações por causa da falta de recursos e agora são mais de 200 anos de história perdida. Fico imaginando o que vai ser preciso para soerguer isso. É uma tristeza muito grande, pois se trata de um patrimônio de todos os brasileiros”, disse.

Iniciado por volta das 19h30, o fogo foi controlado no fim da madrugada desta segunda-feira (3). O museu completou 200 anos em 2018 e foi residência da família real, além de ter abrigado a primeira Assembleia Constituinte do Brasil.  Fósseis, múmias, registros históricos, livros e obras de arte viraram cinzas. Pedaços de documentos queimados foram parar em vários bairros da cidade. Quatro vigilantes estavam no local. Ninguém ficou ferido.

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PERDA IRREPARÁVEL

As causas do fogo serão investigadas. A Polícia Civil abriu inquérito e repassará o caso para que seja conduzido pela Delegacia de Repressão a Crimes de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico, da Polícia Federal, que irá apurar se o incêndio foi criminoso ou não. A tragédia expôs a falta de política pública para os setores cultural e científico. O diretor do museu, Paulo Knauss, destacou a importância do acervo perdido para história mundial e disse que o Brasil “está carente de uma política que defenda os nossos museus”.

O 1º vice-líder do PSDB na Câmara, Betinho Gomes (PE), lamentou “profundamente” o incêndio. “Infelizmente, o que aconteceu é fruto da falta de comprometimento dos governos. Não é de agora que os recursos para manutenção não chegaram. Uma perda irreparável à nossa memória”, apontou.

Para Marcus Pestana (MG), é preciso cuidar melhor do patrimônio histórico nacional. “Museus, prédios e monumentos carregam nossa alma e nossa história”, lembrou. Além de lamentar a grave tragédia, o deputado Vitor Lippi (SP) chamou atenção para o sucateamento do patrimônio histórico e cultural brasileiro. Segundo ele, o Museu Nacional estava há anos abandonado, enquanto o governo federal usava recursos públicos para financiar obras em Cuba, Venezuela e outros países com alinhamento ideológico aos governos petistas.

“Esse incêndio é uma notícia estarrecedora para a nossa história. Virou tudo pó. É inacreditável que um país não se preocupe com o mais importante acervo histórico da nossa gente, da nossa história, com peças do mundo inteiro, da antropologia do mundo, esqueletos da época dos faraós. É uma vergonha para o Brasil. Para cuidar dos nossos museus não tinha dinheiro, mas para mandar para Cuba, Venezuela e países da África tinha”, apontou o deputado, ao defender o uso consciente dos recursos públicos e mais respeito dos governantes pela história e a cultura brasileiras.

DESASTRE HISTÓRICO

Nas redes sociais, vários integrantes da bancada comentaram a fatalidade e chamaram atenção para o descaso que atinge a área. O deputado Ricardo Tripoli (SP) lembrou que o local sofria com falta de reformas básicas e funcionava com um orçamento reduzido. “É um dever nacional evitar que tragédias como essa voltem a acontecer”, defendeu.

Na avaliação de Floriano Pesaro (SP), o Museu Nacional é mais um símbolo do descaso do país com sua cultura e história. “Nunca é demais lembrar que se trata de uma instituição centenária relegada ao descaso por todos os últimos governos nacionais e do estado do Rio de Janeiro. Nos anos de administração do PT e seus aliados no Congresso Nacional, que hoje pretendem se passar como opositores, a cultura foi tratada com absoluto descaso”, apontou.

O deputado Fábio Sousa (GO) compartilhou postagens de outros usuários do Twitter e também comentou a tragédia. “Desastre histórico e cultural. Uma verdadeira tragédia para um país que quase não valoriza seu acervo”. Comovida, a deputada Yeda Crusius (RS) ressaltou que “não há como recuperar o que o fogo leva”. “Sem palavras”, disse.

Para a deputada Shéridan (RR), o desastre foi uma perda incalculável para a cultura, história e ciência do país. Segundo Miguel Haddad (SP), o país está de luto pelo ocorrido. E como lembrou o deputado Waldir Maranhão (MA), o Museu Nacional abrigava importantes documentos da história nacional. “A falta de preservação e negligência dos governos estadual e federal comprovam o total descaso com a memória nacional”, lamentou.

O presidente nacional do PSDB, Geraldo Alckmin, afirmou que a tragédia agride a identidade nacional e entristece todo o país. “Neste momento de profunda perda, quero me solidarizar não apenas com os cariocas, mas com todos os cidadãos brasileiros. Diante da perda irreparável do maior acervo museológico brasileiro, devemos resgatar o compromisso de zelar permanentemente, com consciência e investimento, pela preservação do patrimônio e da memória do país”, disse.

ACERVO

O Museu Nacional é uma instituição autônoma de perfil acadêmico e cientifico, integrante do Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e vinculada ao Ministério da Educação. A unidade foi afetada pela crise financeira da UFRJ e está há pelo menos três anos funcionando com orçamento reduzido. O museu chegou a anunciar uma “vaquinha virtual” para arrecadar recursos. Reportagem do Bom Dia Brasil de maio deste ano mostrou que a instituição deveria receber o repasse de R$ 550 mil da universidade, mas há três anos só recebe 60% desta verba.

Por sua importância e por abrigar tantos itens de valor imensurável, o Museu Nacional já recebeu importantes visitas ao longo de seus 200 anos. Entre as personalidades que passaram pelo local estão a cientista Madame Curie, o físico Albert Einstein, o filósofo Claude Lévi-Strauss e o pai da aviação Alberto Santos Dumont. 

O museu possui um acervo histórico desde a época do Brasil Império. Entre os itens de exposição estavam o mais antigo fóssil humano já encontrado no país, batizado de “Luzia”; a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Dom Pedro I; a coleção de arte e artefatos greco-romanos da Imperatriz Teresa Cristina; e as coleções de Paleontologia que incluem o Maxakalisaurus topai, dinossauro proveniente de Minas Gerais.

(Reportagem: Djan Moreno/foto: Tânia Rego/Agência Brasil/ Áudio: Hélio Ricardo)

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