Izalci avalia dados preocupantes sobre índice de aprendizado dos alunos
O Ministério da Educação divulgou nesta quinta-feira (30) dados preocupantes sobre a aprendizagem dos alunos brasileiros. Para se ter uma ideia, o ministro da pasta, Rossieli Soares, foi categórico ao dizer que Ensino Médio está no “fundo do poço” e “absolutamente falido”. Integrante da Comissão de Educação da Câmara, o deputado Izalci Lucas (DF) avaliou os resultados e defendeu medidas para melhorar este cenário.
Os números do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2017 mostram que 70% dos alunos do 3º ano do ensino médio têm nível insuficiente em português e matemática. Desses, 23% estão no nível 0, o mais baixo da escala de proficiência. Há uma estagnação nos índices dessa fase há cerca de uma década. No ensino fundamental houve um tímido avanço.
Titular da Comissão de Educação da Câmara, o Izalci afirma que o cenário é grave e precisa de solução urgente. Para ele, um dos motivos do péssimo desempenho dos alunos que estão terminando o ensino médio é a má qualidade da educação no fundamental.
“Um dos motivos desse resultado do ensino médio é que o aluno chega nessa fase praticamente analfabeto. Por isso tem tantas dificuldades e o resultado é péssimo”, alertou. Para ele, os dados mostram que é preciso investir mais.
Recentemente, como relator, o tucano proferiu parecer favorável a projeto de lei que pretende ampliar os recursos para a educação básica por meio da destinação de parte do dinheiro arrecadado pelas loterias federais. A precisa aguarda apreciação em duas comissões da Câmara.
Izalci alerta ainda para os problemas do ensino médio, como o currículo dessa etapa da educação. O parlamentar foi presidente da comissão mista que aprovou a reforma do ensino médio, em fase de implantação no país. A medida permite a flexibilização da grade curricular e permitirá que o estudante escolha a área de conhecimento para aprofundar seus estudos. Nesse novo modelo, Português e Matemática são obrigatórios e, como lembra o deputado, são destaque na Base Nacional Comum Curricular.
“A Reforma do Ensino Médio veio para corrigir essa distorção. A partir do ano que vem a tendência é uma melhoria no ensino com a implantação dos itinerários escolhidos pelos alunos, inclusive com o aumento do conteúdo de Português e Matemática, que são as matérias obrigatórias. A razão desse desastre é o modelo atual, que vai ser modificado agora”, ponderou.
DEFASAGEM
Na prática, os resultados do Saeb mostram que a maioria dos estudantes brasileiros não consegue localizar informações explícitas em artigos de opinião ou em resumos, por exemplo; e não é capaz de resolver problemas com operações fundamentais com números naturais ou reconhecer o gráfico de função a partir de valores fornecidos em um texto.
Como se não bastasse, um estudo do Unicef divulgado nesta semana mostra que, no Brasil, um em cada cinco estudantes do ensino básico está atrasado pelo menos dois anos na escola, ou seja, cerca de 20% do total de alunos. Segundo a organização, somente no ensino médio são cerca de 2,2 milhões de atrasados, que correspondem a 28% dos alunos dessa modalidade.
As regiões brasileiras apresentaram de forma desigual a distorção de idade-série. Segundo a pesquisa, os indicadores mais elevados estão no Norte e Nordeste, com 41% e 36%, respectivamente. Nas zonas urbanas, as populações indígenas e negras são as mais afetadas no que se refere à taxa de estudantes que estão com dois ou mais anos de atraso escolar: 2,6% são brancos; 9,4% são negros; 33,1% são indígenas;
Para reverter este cenário e garantir trajetórias de sucesso escolar, o Unicef sugere no documento os seguintes passos: elaborar análises precisas da situação da distorção idade-série em nível municipal e estadual; estabelecer políticas públicas específicas para combater o fracasso escolar com foco nos mais vulneráveis; desenvolver propostas pedagógicas de atenção especial a estudantes em risco de fracasso e abandono escolar.
(Reportagem: Djan Moreno/foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
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