Deputados alertam para risco do reaparecimento de doenças já erradicadas no Brasil

Parlamentares do PSDB consideram que o surgimento de casos de doenças já erradicadas no Brasil é um sinal de alerta em relação à diminuição dos índices de cobertura vacinal em todo o país. Os dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI) indicam que em 2017 o índice de vacinação em bebês e crianças atingiu o nível mais baixo em 16 anos.

Na avaliação do deputado João Paulo Papa (SP), a situação é preocupante. “O Brasil já tinha consolidado uma política de vacinação para várias doenças e agora esses recuos começam a aparecer”, lamentou. Ele afirma que a vacina é um dos melhores meios de prevenção tanto para adultos quanto para crianças. “Pegue a carteirinha e vá ao posto de saúde mais próximo de sua residência”, recomendou ele em postagem no Twitter.

Segundo o Ministério da Saúde, até o dia 17 de julho, 444 casos de sarampo foram confirmados no estado do Amazonas e 216 em Roraima. Mas as autoridades de saúde consideram que os dois surtos foram importados. Segundo informações do ministério, o genótipo do vírus identificado é o mesmo que circula na vizinha Venezuela. Cerca de 2.600 casos ainda estão sendo investigados nos dois estados.

Além disso, alguns casos isolados e relacionados à importação foram identificados nos estados de São Paulo (1), Rio Grande do Sul (8); e Rondônia (1). Até o momento, o Rio de Janeiro informou ao Ministério da Saúde, oficialmente, 7 casos confirmados.

“É preocupante que no médio prazo haja o retorno de doenças que já estavam erradicadas no Brasil”, afirmou João Paulo Papa.

Entre as vacinas com redução na cobertura estão as que protegem contra a poliomielite, sarampo, caxumba, rubéola, difteria, varicela, rotavírus e meningite. Para o deputado Geraldo Resende (MS), que é médico, o reaparecimento dessas doenças está ligado à falta de vacinas e ao desmantelamento do SUS (Sistema Único de Saúde) em uma de suas principais vertentes, que é a prevenção de doenças por meio da imunização.

“O Brasil tinha o melhor projeto de imunização no mundo e serviu de modelo para muitos países”, afirmou. Ele lamenta o recrudescimento de doenças que já estavam controladas. É o caso do sarampo. Em 2016, o Brasil recebeu o certificado de eliminação da circulação do vírus pela Organização Pan-Americana da Saúde. 

Desde 2002, a taxa de cobertura da vacina tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba), indicada para menores de um ano, ficava próxima a 100%. Nos últimos dois anos caiu para 95,4% e, agora, para 83,9%.

No mesmo período, a cobertura da vacina tetra viral (sarampo, rubéola, caxumba e varicela), indicada a partir de 15 meses, passou de 79% para 70,7%.  A meta de vacinação contra o sarampo é de 95%. A campanha será realizada no período de 6 a 31 de agosto, sendo o dia D no sábado, 18 de agosto. O público alvo são crianças de 1 a menores de 5 anos.

(Reportagem: Ana Maria Mejia/ Foto: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)