Falta de investimentos e de políticas de segurança facilita crescimento da violência


Na última década, mais de meio milhão de brasileiros perderam a vida de forma violenta, segundo dados divulgados pelo Atlas da Violência de 2018, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Apenas em 2016, foram mais de 62 mil vítimas fatais – o maior número desde que esse índice começou a ser medido, em 1980. Ao analisar os dados, o deputado Rocha (AC) atribui a gravidade por eles revelada à falta ausência de políticas preventivas e de priorização da segurança pública.

“É preciso sair do discurso e partir para a prática”, afirma o deputado. De acordo com ele, para entrar seriamente no combate ao crime, cada ente da federação tem que assumir o seu papel. “Cabe ao governo federal investir na vigilância e controle das fronteiras e apoiar os estados, mas o governo estadual precisa assumir suas responsabilidades”, destaca.

Os homicídios representam quase 10% do total das mortes no país, atingindo principalmente os mais jovens: 56,5% dos óbitos entre os brasileiros de 15 a 19 anos foram causados por mortes violentas. O impacto das armas de fogo chega a níveis elevados. Em 1980, a proporção de homicídios por arma de fogo estava em torno de 40%. Desde 2003 o número se mantem em 71,6%.

O tucano afirma que a segurança das fronteiras deve estar entre as grandes prioridades no combate ao crime organizado. “É pelas fronteiras que entram as drogas, o armamento e todas as coisas que vão fomentar o crime em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e outros grandes centros urbanos”, afirma ele, destacando a extensa fronteira terrestre brasileira completamente desguarnecida em áreas das regiões Norte e Centro Oeste.

Para Rocha, a repressão ao crime só tem efeitos reais se estiver acompanhada de ações preventivas. O tucano acredita que políticas públicas que resultem na geração de emprego e na melhoria da educação são os investimentos mais eficazes para impedir a criminalidade. 

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OMISSÃO DO GOVERNO PETISTA

Segundo a pesquisa do Ipea, a taxa de homicídios no Acre aumentou 93,2% entre 2006 e 2016. Na avaliação do deputado, a situação de seu estado, como em outras regiões brasileiras, é resultado de uma segurança pública deficitária, na qual falta recursos humanos, equipamentos e estruturas. Enquanto isso, ressalta, as organizações criminosas se fortalecem.

Administrado pelo PT há quase 20 anos, o Acre carece de recursos e estrutura. De acordo com o parlamentar, a gestão estadual tenta transferir toda a responsabilidade para o governo federal. Segundo ele, é um governo que investe mais em publicidade que em segurança pública, conforme consta do orçamento estadual. “Foram R$ 16 milhões gastos com publicidade e R$ 8 milhões com a Polícia Militar”, afirma Rocha. 

Rocha afirma que parte dos policiais militares do estado trabalha sem farda, porque estão há cinco anos sem receber novos uniformes. O parlamentar afirma já ter flagrado veículos da PM parados, sem gasolina. De acordo com ele, não há treinamento para os militares e sequer manutenção de viaturas. O problema se estende à Polícia civil e ao Instituto Penitenciário. 

(Reportagem: Ana Maria Mejia/ Foto: Alxssandro Loyola/ Áudio: Francisco Maia)

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5 junho, 2018 Últimas notícias Sem commentários »

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