A pior forma de governo imaginável, por Miguel Haddad


O estadista inglês Winston Churchill dizia que a Democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas.

Mas… por que Churchill dizia que é, ainda assim, a “pior forma de governo”? Naturalmente, por ser uma forma imperfeita, que depende de diálogos, consensos, testes eleitorais – o que pode ser um prato cheio para demagogos –, quando poderia haver uma maneira mais racional de conduzir um país, livre dessas imperfeições.

De fato, até poderia haver, só que jamais isso deu certo. Quando pensadores se debruçam sobre a condução coletiva dos negócios humanos, procurando um sistema ótimo, que, em tese, seja livre de imperfeições, o resultado tem sido, em 100% dos casos, o pior dos mundos: morticínios, perda de liberdade, de criatividade, conformismo e outros malefícios que a história registra em suas páginas mais negras.

A Democracia é, essencialmente, a aceitação do outro, que permite a convivência entre grupos de pessoas com opiniões divergentes. Divergir é um componente essencial da natureza humana e a administração dos conflitos daí surgidos não pode ser feito, como ocorria na barbárie, com a eliminação de um daqueles que diverge.

Ou seja, na Democracia há maneiras institucionalizadas, seguindo um ordenamento legal, de estabelecer soluções para essas disputas, que devem ser acatadas, como manda a lei, por todos.

Nosso País, em função do descalabro administrativo resultante da irresponsabilidade dos nossos últimos governantes, teve de enfrentar uma das piores crises da nossa história. Acrescente-se a isso o concomitante processo de saneamento da rede de corrupção de representantes eleitos para defender o interesse popular, que nos causa indignação e desalento, e teremos um caldo de cultura que exacerba a percepção de que a Democracia pode ser, de fato, a pior forma de governo imaginável, levando muitos a acreditarem que um governo autoritário, que não tenha os contrapesos da ordem jurídico-institucional, possa transformar, pela força, a Nação.

Nossa história é caracterizada por avanços e retrocessos. Se tivéssemos conseguido, mesmo modestamente, ir em frente, sem retrocessos, estaríamos hoje, seguramente, no grupo de nações avançadas, que conseguiram sê-lo exatamente por superarem seus conflitos de forma democrática. Não há outro caminho, esse é o significado do que nos disse Churchill.

(*) Miguel Haddad é deputado federal pelo PSDB-SP. (foto: Alexssandro Loyola)

 

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28 maio, 2018 Artigosblog Sem commentários »

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