“Lugar de mulher é na política”, por Yeda Crusius
Talvez a política seja hoje um dos últimos redutos que ainda resiste à força e ao protagonismo feminino. Não que as mulheres já tenham garantido igualdade em todas as demais áreas, mas a nossa presença, em todas elas, já foi garantida. Resta agora ampliar espaços e exigir um tratamento menos discriminatório. Afinal, se existem direitos, eles devem ser iguais para todos.
Não se trata de uma tarefa trivial. Afinal, a cultura em que estamos mergulhadas gera indicadores sociais negativos concentrados pesadamente sobre as mulheres, como é o da violência e o da remuneração por um mesmo trabalho. Muitas de nós ainda resistem em participar e reivindicar espaço em ambientes ainda excessivamente masculinos, como na política. Mas sem isso, estaremos fadadas a nadar tentando vencer esse mar de desigualdades e injustiças em que navegamos, e morrer na praia, apesar de todo o preparo e todo o esforço.
O ano eleitoral não poderia ser mais propício para atingirmos esse objetivo, ainda mais com a exigência eleitoral para que 30% das chapas proporcionais sejam ocupadas por mulheres. Cabe à nós, agora, ocuparmos esses espaços de fato e não apenas nos deixarmos usar para cumprir tabela ou fazer figuração.
E para cumprir essa função que o PSDB-Mulher, em parceria com a fundação alemã Konrad Adenauer e o Instituto Teotônio Vilela, está investindo como faz há anos na capacitação de suas candidatas. O próximo curso, que terá como tema central “O papel da mulher na democracia: desafios e oportunidades nas eleições de 2018”, acontecerá na sua terceira edição regional em Belém (PA), nos dias 24 e 25 de maio.
Pois não basta ser mulher para ocupar espaços na política, é preciso estar preparada para enfrentar os desafios que temos pela frente.
Não podemos dizer que todas as mulheres que chegam ao Poder nos representaram bem. Mas a grande maioria sim. Prefeitas exercendo esse poder fundamental, eleitas em 2016, quando já havíamos iniciado essa capacitação, honrando a base municipalista do PSDB, têm feito a diferença.
Temos de estar cientes de que mais uma vez seremos testadas nos nossos limites. Estará sob julgamento do eleitor a nossa capacidade de formulação de propostas viáveis, de mobilização para tirar nossas ideias do papel, e competência para fazer política como é exigência de uma população desiludida com seus políticos – mesmo sabendo que só através da Política feita com coragem, firmeza e ética, se terá saída para essa profunda crise brasileira.
A hora é arregaçar as mangas e partir para o campo de batalha, com determinação e disposição para enfrentar nossos adversários, os que tem feito política antiga, rejeitada mela maioria da população. Com compromisso, sem desistir do papel dos que de nós, mais de metade da população, dependem.
(*) Presidente do PSDB-Mulher, deputada federal pelo Rio Grande do Sul e ex-governadora do estado
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