Venezuela promove eleições sem transparência ou credibilidade, alertam parlamentares


Refugiados venezuelanos são abrigados em instalações provisórias em Roraima. Milhares deles vieram para o Brasil em busca de melhores condições de vida. 

A legitimidade das eleições deste domingo (20) na Venezuela não foi reconhecida por diversos países, incluindo o Brasil. Controverso, o pleito resultou na manutenção de Nicolás Maduro no poder. A ausência de grande parte da população nas urnas, denúncias de fraudes e coação de eleitores colocaram em xeque a credibilidade da votação.

Parlamentares do PSDB relembraram o caos enfrentado pelo país vizinho e consideraram acertada a postura do Itamaraty. Em nota, o ministério lamenta que o governo venezuelano não tenha atendido aos repetidos chamados da comunidade internacional pela realização de eleições livres, justas, transparentes e democráticas. Declaração emitida pelo Grupo de Lima – formado por Argentina, Brasil, Canadá, México e outras dez nações – expressa que os países não reconhecem a legitimidade do processo eleitoral venezuelano e concordam em reduzir o nível de suas relações diplomáticas com a Venezuela.

“Uma farsa! Eleição manipulada e um povo escravizado. Os democratas do mundo não podem reconhecer essa fraude”, apontou o 1º vice-líder do PSDB na Câmara, deputado Betinho Gomes (PE) por meio de seu perfil no Twitter. 

O governo de Maduro, que é uma continuidade do regime de Hugo Chávez, encontra apoio no Brasil apenas nos partidos de esquerda. No âmbito mundial, entre os poucos países que reconheceram publicamente o resultado do pleito de domingo estão nações como Bolívia e Rússia.

O governo Maduro devastou o país econômica e socialmente, com impactos no Brasil, que já acolheu mais de 40 mil venezuelanos só em Roraima. Eles fogem da escassez de alimentos, da perseguição política e da privação de direitos como a liberdade de expressão. Para este ano, a inflação estimada no país ultrapassa os 13.000%.

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Para a deputada Shéridan (RR), que tem acompanhado de perto o drama dos venezuelanos que chegam diariamente a Roraima, o governo Maduro é sinônimo de miséria e destruição. “Não reconhecer a legitimidade de sua reeleição é o ato mais sensível e correto. Uma eleição suspeita, com alto índice de abstenção, mostrou claramente o poder ditatorial e de manipulação”, disse.

Segundo dados oficiais do governo Maduro, o comunista foi reeleito com 67,7% dos votos aos 92,6% das urnas apuradas. Ele obteve mais de 5,8 milhões de votos. A participação foi uma das mais baixas da história venezuelana: 46% do eleitorado e um total de 8,6 milhões de votos. Segundo a oposição, a quantidade dos que compareceram para votar teria sido ainda menor: 30%.

Partidos de esquerda saudaram a polêmica “eleição” e continuam manifestando apoio a um presidente que promoveu a destruição econômica e social da Venezuela. Inflação neste ano ultrapassa os cinco dígitos.

Os opositores denunciam que urnas continuaram funcionando à noite, depois de encerrada a votação, e que o governo instalou os chamados “pontos vermelhos”, locais de “controle” de votos, inclusive dentro de colégios eleitorais. O PSUV, partido de Maduro, e outras legendas aliadas cadastraram ainda os eleitores em uma plataforma com dados pessoais, inclusive sobre benefícios sociais que recebem, e concederam bônus por meio desse sistema para forçar as pessoas a votarem. Os governistas ainda teriam abusado do chamado voto assistido, o uso de “assistentes” para levar o eleitor até a cabine de votação e acompanhar o voto.

Na avaliação do deputado Vanderlei Macris (SP), a Venezuela vive um processo de deterioração econômica, com o empobrecido cada vez maior da população. “Agora vemos uma manipulação vergonhosa das eleições. O Maduro se diz eleito de maneira democrática, o que não é verdade. O Itamaraty está certo em não reconhecer o pleito, pois se somarmos a população que se ausentou da eleição mais os votos da oposição, Maduro foi eleito por absoluta minoria”, apontou.

Macris considera acertada a decisão dos países do Grupo de Lima de tomar uma decisão conjunta sobre a situação da Venezuela. “Devemos dialogar com os outros países que têm o mesmo posicionamento e tomar uma decisão conjunta, especialmente no âmbito do Mercosul”, afirmou o tucano. O Grupo de Lima pretende convocar uma reunião de alto nível com autoridades responsáveis por temas migratórios e de refúgio na primeira quinzena de junho, no Peru. Os países também pretendem impor barreiras a empréstimos e acordos com a Venezuela.

O deputado Luiz Carlos Hauly (PR) afirma que não existe democracia de fato no país vizinho. “É uma ditadura disfarçada, assim como a eleição é uma fraude e o povo da Venezuela, com medo dos ditadores, está refém de um dos piores governos da história da América Latina. O Brasil não deve mesmo reconhecer o resultado das eleições”, ressaltou.

Antes mesmo da realização das eleições, Estados Unidos, Canadá, União Europeia (UE) e vários países latino-americanos já haviam afirmado que o pleito não é justo, nem transparente, e acusaram Maduro de sufocar a democracia. Os EUA anteciparam há um mês que não reconheceriam o resultado da eleição.

(Reportagem: Djan Moreno/ Marcelo Camargo/Agência Brasil/ Áudio: Hélio Ricardo)

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