Para deputados, novas delações fecham o cerco a Lula e Dilma
Deputados do PSDB acreditam que a situação dos ex-presidentes Lula e Dilma com a Justiça está cada vez mais complicada com as delações premiadas de Antonio Palocci, ex-ministro de ambos, e Renato Duque, ex-diretor da Petrobras acusado de operar esquema fraudulento na estatal em nome do PT.
Com o acordo de colaboração já em curso, Palocci reconstituiu o esquema de corrupção na Petrobras, as relações das empreiteiras com políticos do PT e a forma como Lula e Dilma se envolveram nas tratativas que resultaram em um prejuízo de cerca de R$ 42 bilhões aos cofres da estatal, segundo estimativa da Polícia Federal.
De acordo com informações obtidas pela imprensa, Palocci alega que foi pessoalmente levar pacotes de dinheiro vivo Lula para bancar despesas pessoais. Ele narrou ainda pelo menos uma conversa com Lula no Planalto na qual teria tratado do esquema envolvendo a construção de sondas para exploração de petróleo em águas profundas. O objetivo da negociação, feita na presença de Dilma, seria levantar dinheiro ilegalmente para bancar a eleição da ex-presidente, em 2010.
Em vídeo publicado em sua página no Facebook, o deputado Carlos Sampaio (SP) lembra o verdadeiro estrago promovido pelas gestões petistas na maior estatal do país. “Quando Lula assumiu o governo, a Petrobras era a 10ª maior empresa do mundo e quando Dilma deixou o governo era a empresa com mais dívidas no mundo. Foi isso que o PT fez lá dentro com sua quadrilha: quase quebrou a Petrobras e quase quebrou o país”, afirmou. Segundo ele, a esperança é saber que muitos já estão respondendo por seus atos e outros estão prestes a responder.
A edição desta segunda-feira do jornal “O Globo” traz a informação de que Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, deve ser o próximo investigado pela Operação Lava Jato a assinar um acordo de delação premiada em Curitiba. Ele atravessou os oito anos de governo Lula e metade do primeiro mandato de Dilma Rousseff recolhendo propinas na Petrobras. Preso desde novembro de 2014, o engenheiro guarda em seus arquivos um amplo conjunto de provas documentais que reforçariam o elo entre o PT, os ex-presidentes e os repasses da Odebrecht.
Como operador petista, ele teria condições de reconstituir em detalhes a negociação da propina e a sua devida partilha entre integrantes do PT. Condenado a 57 anos de prisão, Duque já vem colaborando com as investigações da Lava-Jato desde junho de 2017 e reúne, na proposta de acordo, documentos, extratos bancários, planilhas e fotografias dele com investigados.
ESQUEMA CRIMINOSO ESCANCARADO
O deputado Rocha (AC) disse hoje que o aprofundamento das investigações vai revelando cada vez mais detalhes do esquema criminoso. Ele espera que, com as delações, novos fatos venham à tona. Para Rocha, é preciso que todos sejam responsabilizados pelos atos praticados, mesmo que se trate de um ex-presidente da República. Como lembra, Renato Duque acusa Lula de ser o verdadeiro chefe da organização criminosa que saqueou a Petrobras.
Segundo Duque, em 2010, com o discurso de que era preciso reativar a indústria naval e gerar empregos no país, a empresa foi criada para subcontratar empreiteiras do esquema da Petrobras. A exemplo do que já ocorria na estatal, essas empreiteiras pagariam propina ao PT de 1% sobre os contratos bilionários de sondas, um negócio de R$ 200 milhões partilhado entre o PT, Lula, Palocci e Dirceu. Duque testemunhou todos esses acertos.
O operador petista na Petrobras disse que Lula sabia da corrupção na estatal, operava em favor das empreiteiras e arbitrava a divisão da propina. Lula, segundo Duque, mantinha uma agenda de encontros sigilosos nos quais cobrava pessoalmente a liberação de dinheiro para as empreiteiras. O ex-diretor afirmou ter mantido três encontros secretos com Lula para tratar de assuntos relacionados ao esquema.
(reportagem: Djan Moreno/fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
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