CREDN cobra plano de resposta a ataques químicos e biológicos
A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN) cobrou, nesta quarta-feira (25), em audiência pública, um plano de resposta a ataques químicos e biológicos. De acordo com o deputado Vinícius Carvalho (PRB/SP), autor do debate, o Brasil precisa evoluir muito nesse sentido, além de fortalecer a coordenação entre os agentes públicos responsáveis pela defesa química, biológica, radiológica e nuclear.
Para o presidente da CREDN, deputado Nilson Pinto (PA), a discussão deste tema é bastante oportuna, considerando que no próximo dia 29 é celebrado o Dia em Memória das Vítimas de Guerra Química, data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) para marcar o aniversário de 103 anos da primeira vez que esse tipo de armamento foi empregado, durante a Primeira Guerra Mundial, na Bélgica.
“Lamentavelmente, mesmo passados 93 anos da assinatura do Protocolo de Genebra sobre a Proibição do Uso de Armas Químicas e Bacteriológicas, o número de mortes causadas por essas armas tem aumentado e o mundo continua lutando contra os seus desumanos e atrozes efeitos”, afirmou.
Na opinião do professor de Estudos Brasileiros e do Departamento de Estudos de Guerra do King’s College London, Vinícius Mariano de Carvalho, “essas armas guardam um paradoxo, pois são microscópicas enquanto agentes e macroscópicas enquanto aos seus efeitos”.
Já o Oficial de Inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) Danilo Coelho, afirmou que o Brasil deve se preparar melhor para possíveis ataques como o agroterrorismo e sabotagem na agricultura nacional. Coelho revelou que o Brasil não possui uma lista de agentes químico-biológicos que deveriam ser objeto de controle.
“O agroterrorismo e a sabotagem na agricultura nacional e no meio ambiente deveriam ser temas mais debatidos, pois, no caso de armas químicas e biológicas, a ameaça não estatal, inclusive por parte de agentes internos, é maior do que a ameaça estatal, na medida em que o Brasil é um país pacífico”, destacou.
Já o coronel Chamon Malizia de Lamare, da Subchefia de Operações do ministério da Defesa, explicou que o Brasil incrementou os esforços para desenvolver expertise na área desde a tragédia do césio 137, ocorrida em 1987 em Goiânia, naquele que é considerado o maior acidente radioativo do mundo fora de uma usina nuclear. Ele observou, ainda, que os grandes eventos – como a visita do Papa ao Brasil (2007), a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016) – permitiram ao Brasil impulsionar e se desenvolver nessa área.
“Os grandes eventos permitiram a aquisição de novos equipamentos, mas nós precisamos aperfeiçoar e consolidar mecanismos que foram adquiridos nesses grandes eventos, que deixaram seu legado, e não podem ser interrompidos”, advertiu. Lamare lembrou que em 2017 foi criado o Centro Regional de Assistência e Proteção de Armas Químicas, que está em fase de consolidação.
Também presente à audiência, a Subchefe da Divisão de Desarmamento e Tecnologias Sensíveis do ministério das Relações Exteriores, Maria Cecília Vieira, ressaltou que o Brasil é signatário de convenções internacionais que proíbem a produção, estocagem e uso de armas químicas e biológicas e que, além disso, o Brasil condena veementemente o uso de armas químicas e de destruição em massa e defende que haja ampla investigação dos casos de Salisbury e da Síria.
(Marcelo Rech)
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