“Precisamos é de normalidade e serenidade para que o Brasil siga em frente”, diz Bruno Araújo

Houve um amplo processo legal que culminou com a derrota do petista, avalia Bruno.

O presidente do PSDB de Pernambuco, deputado federal Bruno Araújo (PE), avaliou nesta sexta-feira (6) a ordem de prisão do ex-presidente Lula (PT), determinada pelo juiz Sérgio Moro nesta quinta (5). O tucano considera que houve um amplo processo legal, que culminou com a derrota do petista no Supremo, ao ter seu pedido de Habeas Corpus preventivo negado por um placar de 6 a 5, e que, portanto, a discussão não deve ser levada para o campo da política.

“Essa discussão hoje não está no campo da política, mas estritamente no campo jurídico, dentro das instituições que participam do processo. Esse episódio confirma o fechamento de um ciclo. Não há o que comemorar com a retenção de um ex-presidente e o que a gente espera é normalidade e serenidade para que o Brasil siga sua vida”.

Bruno Araújo acredita que o clima de acirramento que ocorre hoje no país infelizmente não tende a acabar e deve pautar o debate eleitoral deste ano. Mas, frisa o parlamentar, “por mais deficiente que seja a democracia, ela ainda é o modelo de estado, de governo, mais salutar”.

Abaixo, íntegra da entrevista concedida à Rádio Folha de Pernambuco nesta sexta (6):

Prisão de Lula

Existiu todo um processo legal em andamento que culminou com a decisão da Suprema Corte (negou o Habeas Corpus de Lula), uma Corte que é constituída de 11 ministros dos quais 7 foram nomeados por Lula e Dilma. E os ministros que votaram pelo atendimento ao Habeas Corpus de Lula foram os indicados por Sarney, Collor e Fernando Henrique. Isso mostra que essa discussão hoje não está no campo da política, mas estritamente no campo jurídico, dentro das instituições que participam do processo. Esse episódio confirma o fechamento de um ciclo. Não há o que comemorar com a retenção de um ex-presidente e o que a gente espera é normalidade e serenidade para que o Brasil siga sua vida.

Lula e o PT

Uma coisa é o PT, outra é Lula. O governo do ex-presidente foi extremamente exitoso, ele saiu com mais de 80% de aprovação. Mesmo na oposição, nunca deixei de reconhecer que a atuação de Lula, de modo especial no Nordeste e em Pernambuco, foi extremamente importante na viabilização dos recursos. Acho que o PT vai continuar sendo um dos três mais importantes protagonistas políticos do país. PT e PSDB polarizaram todas as eleições presidenciais de 1989 até hoje e acho que ainda há chance de isso ocorrer. O PT vai seguir, é um partido orgânico, e diferente de outros eu nunca torci pelo fim do PT. Pelo contrário, democracia existe quando as posições político-ideológicas se impõem alternativas para o eleitor.

Liderança de Lula

Lula é maior do que o PT. No PSDB, nunca tivemos personalidade maior do que o partido. É uma liderança que é essencialmente o partido e que não fez sucessor, tanto que grande parte dos problemas enfrentados por ele e pelo PT são decorrentes, essencialmente, da escolha do ex-presidente Lula por Dilma.

Por que não Dilma candidata?

Não se vê hoje no PT ninguém discutindo a candidatura de Dilma como alternativa para o partido nessa eleição. Não ouvimos um petista lançando Dilma. Ela teve o mandato interrompido mas não está com os direitos políticos cassados, por que não Dilma candidata?

Democracia

Esse episódio (da prisão de Lula) não encerra esse momento de acirramento, ao contrário, será um dos debates postos na discussão eleitoral. Se se confirmar o início da pena, isso será utilizado politicamente. Mas por mais deficiente que seja a democracia, ainda não há um modelo de estado, de governo, que permita algo mais salutar do que a democracia.

Justiça mais rápida

O que interessa à população não é se há a primeira, segunda ou terceira instância. Interessa a velocidade com que se conclui o julgamento. O problema não é a segunda instância, mas o número de recursos que ocorrem nesse processo. Então, pra mim, não há problema que ocorra segunda instância, contanto que se mude o Código de Processo Penal (CPP) e que se exaura esse volume de recursos que assistimos hoje. O que interessa, na prática, é um modelo de legislação que permita que em dois anos se tenha todo um processo iniciado e concluído. O PSDB estuda com nossa assessoria um projeto que permita a redução de todos esses prazos que é o mais importante.

Lei para todos

Faz parte desse modelo de país onde a apuração se dá cumprindo com toda a estrutura que as instituições dispõem. Foi uma preventiva e as investigações vão se estabelecer. Tudo isso tem uma simbologia: é a clareza para o país de que viramos a página do discurso de uma justiça seletiva. No momento em que o ex-presidente está na iminência de cumprir uma pena, está avisado a todo o país que a lei vale para todo mundo.

Fim do Foro

Já estivemos na iminência de votar o fim do Foro Privilegiado. Ele foi inclusive levado ao plenário, se não me engano às vésperas de se votar o mensalão. E, na ocasião, os editoriais dos principais jornais do país diziam que se tratava de uma armação para evitar o mensalão. Na minha opinião o foro tem de acabar e ser mantido para situações especialíssimas.

Chapa em Pernambuco

Não temos data para anunciar a chapa, até final de abril provavelmente. Estamos dialogando de forma constante sobre quem encabeçará esse processo. Pernambuco vive hoje uma situação gravíssima, desde a gestão de Eduardo Campos, de dificuldade de geração de emprego, de manter o mesmo ritmo de desenvolvimento. Pernambuco perdeu mais empregos do que todos os demais estados da Federação. A saúde está praticamente colapsada, a segurança não precisa nem dizer, é tema recorrente na sociedade. Então queremos pegar nossa experiência no ministério das Cidades, com a constituição do Cartão Reforma, com a criação do programa de regularização fundiária, com as obras de residências populares e em saneamento…Estamos apresentando um programa de habitação popular para atender os policiais do estado.

Nome das Oposições

Todos os nomes estão disponíveis. Não há nitidamente o intuito, em nenhum de nós, de se colocar como prioridade. Vamos buscar quem oferece mais unidade e capacidade de oferecer a Pernambuco um projeto consistente.

(PSDB-PE/ Foto: Alexssandro Loyola)