Dia Mundial da Água, por Yeda Crusius
Raras vezes se ouviu tanto falar em água como nesta semana, em que Brasília sedia a 8ª edição do Fórum Mundial da Água, maior evento global sobre o tema, pela primeira vez acontecendo em uma cidade sul-americana. E nesta quinta-feira (22) comemora-se o Dia Mundial da Água desde que a Organização das Nações Unidas (ONU) criou a data, em 1993, visando alertar a população internacional para a necessidade de preservar nossas reservas para a sobrevivência de todas as espécies e ecossistemas.
É justo que o Brasil sedie o Fórum Mundial, somos a maior reserva hidrológica do planeta. Apenas o Sistema Aquífero da Grande Amazônia (SAGA) é suficiente para abastecer toda a população da Terra durante 250 anos. Uma enorme responsabilidade, uma vez que só 0,7% da água existente no planeta é doce e própria para o consumo humano e hoje se sabe que esse recurso não é renovável. O líquido que enche seu copo agora contém mais de 10 milhões de moléculas que estiveram em contato com seus antepassados, e com os dinossauros.
Em todo o mundo, estima-se que 3 em cada 10 pessoas não tenham acesso a água potável em casa, e que 45 bilhões de seres humanos não dispõem de saneamento seguro. O esgoto de casas e indústrias acaba em rios e mares, sem qualquer tratamento, contaminando águas que serão consumidas pela população, em um ciclo vicioso. Doenças transmitidas por água contaminada matam uma criança a cada 15 segundos no mundo.
O descuido e o desperdício contrastam com as secas, com que vários países já convivem, e faz com o mineral seja considerado o ‘petróleo do século XXI’. Guerras já foram travadas por ele. Estudos divulgados pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), alertam para o risco iminente da escassez de água gerar fluxos migratórios devido às secas recorrentes. Os “refugiados do clima” estão situados principalmente na África, mas o fenômeno alcança também o Brasil. No país que têm a maior reserva de água doce do mundo, 1 em cada 6 cidades corre risco hídrico, e boa parte da população não tem acesso à água potável.
Quem me conhece sabe que a preocupação com o meio ambiente é uma prioridade desde sempre. Trazer a primeira fábrica de plástico verde do mundo para o Rio Grande do Sul, quando governadora, foi uma maneira de preservar o ecossistema e de implantar um produto revolucionário, o primeiro polietileno produzido a partir do etanol da cana-de-açúcar, hoje utilizado pela NASA.
Tudo está interligado e cada medida conta, passos importantes estão sendo dados. O governo federal acaba de anunciar a criação de quatro novas unidades de preservação marinha, e a UNESCO divulgou relatório na abertura do Fórum Mundial, sugerindo uma ‘infraestrutura verde’ para que estações de tratamento, canais de irrigação e reservatórios não sejam os únicos instrumentos de gestão hídrica à disposição.
A participação da sociedade civil é essencial e nunca houve tanto engajamento e conscientização, em forma de telhados verdes, sistema de captação de água da chuva para rega e limpeza e uma infinidade de outras providências que funcionam. Brasília conseguiu uma economia de 16% com o racionamento e resolveu mantê-lo, por saber que a crise veio para ficar, devemos fazer o mesmo. A água é vida, é nosso elo com o passado, e o futuro. É preciso zelar por ela e o momento é agora, já que não dá para ser ontem. Todo o dia é dia da água.
(*) Yeda Crusius é presidente Nacional do PSDB-Mulher, deputada federal no quarto mandato pelo Rio Grande do Sul, ex-governadora e ex-ministra do Planejamento. (foto: George Gianni)
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