Geração sem Futuro – Análise do Instituto Teotônio Vilela
Está nas crianças e nos jovens a esperança de dias melhores. Mas a educação que hoje lhes é oferecida não colabora. O que é ensinado nas salas de aula não contribui para atrair os alunos e para motivá-los a continuar a aprendizagem, como forma de romper o círculo vicioso de desigualdade e ausência de horizontes.
O Censo Escolar divulgado ontem pelo Inep corrobora, mais uma vez, o triste diagnóstico. As escolas do Brasil continuam formando gerações sem futuro. Romper esta perversa dinâmica precisa estar no topo das prioridades nacionais.
O principal problema reside no ensino médio. É quando o jovem se desinteressa de vez pela escola e a abandona. É quando toma o atalho que vai desviá-lo definitivamente da chance de obter melhores oportunidades de ascensão social. É o desfecho de trajetórias que muitas vezes já começam tortas na infância.
Segundo a edição 2017 do Censo, 28% dos jovens que frequentam o ensino médio já passaram da idade de completar esta fase de aprendizagem. Significa dizer que repetiram o ano tantas vezes que acumularam defasagem difícil de ser transposta. A consequência imediata acaba sendo a desistência.
Há atualmente 7,9 milhões de alunos frequentando as escolas do médio, embora o IBGE calcule em 10,6 milhões a população brasileira com idade entre 15 e 17 anos. Significa que mais de 2 milhões de jovens nesta faixa etária estão fora das salas de aula ou bastante defasados na aprendizagem. Para muitos brasileiros, a escola vai, no máximo, até o fim do ensino fundamental.
A fuga tende a responder à necessidade de gerar mais renda para famílias em dificuldades. Com o desemprego ainda em nível recorde, porém, os jovens que deixam as escolas acabam caindo no limbo dos chamados “nem-nem”: nem estudam nem trabalham.
Alguma coisa, contudo, melhora. Cresce, ainda que com atraso em relação aos cronogramas inicialmente fixados, a frequência a creches e pré-escolas, em linha com o que estipulam as metas do Plano Nacional de Educação. Também avança a educação integral, embora nos níveis fundamental e médio não tenha sido suficiente para zerar a redução verificada até 2016. Há alguma esperança, portanto.
Mudanças recentes na normatização da educação brasileira reforçam as expectativas positivas. Uma é a adoção da base nacional curricular comum e a outra, a reforma do ensino médio. São passos iniciais naquilo que deve ser uma causa comum a todos os brasileiros: garantir educação de qualidade e para todos, para que todos tenham oportunidade de uma vida melhor.
Para tanto, é preciso que a educação tenha centralidade efetiva nas ações do poder público, com recursos e estrutura adequados para o enfrentamento dos desafios contemporâneos. Em meio à quarta revolução industrial, investir de fato numa melhor formação de nossas crianças e jovens é tarefa mais que urgente.
(Fonte: ITV)
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