Filhos da recessão – Análise do Instituto Teotonio Vilela


A recessão promovida pelo PT não implodiu apenas as condições econômicas do país. Levou embora também as perspectivas de ascensão de milhões de famílias que viram seu padrão de vida despencar junto com a retração do emprego, da renda e do poder de consumo.

Um de cada quatro brasileiros vive hoje na pobreza. São 52 milhões de pessoas cuja renda mensal é inferior a cerca de R$ 387 – US$ 5,50 por dia, segundo padrão global adotado pelo Banco Mundial. O percentual dos que estão na pobreza extrema, nível mais baixo da pirâmide social, chega a 6,5% da população. São 13,3 milhões, de acordo com a Síntese dos Indicadores Sociais de 2016, divulgada pelo IBGE na sexta-feira.

Como seria de se esperar, a pobreza aumentou – e muito – no país com a recessão. Menos emprego, inflação mais alta, rendimentos menores afetaram para pior as condições de vida dos brasileiros.

A partir dos dados do IBGE, o Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade) estimou que 9 milhões de brasileiros foram empurrados para baixo da linha da pobreza a partir de 2014, como informa o Valor Econômico em sua edição de hoje. Destes, 5,4 milhões tornaram-se miseráveis.

Desde o início da crise, a extrema pobreza subiu de 4% para 6,5% da população, maior percentual desde 2007. A proporção de pobreza “moderada” saiu de 22% para 25,4%, mais alta desde 2011.

Vista nos detalhes, a desigualdade tem feições ainda mais perversas. Metade das nossas crianças e adolescentes encontram-se em condição de pobreza. A proporção de pobres supera 43% nos estados de Norte e Nordeste do país, bem acima, portanto, dos 25% da média nacional. Mais da metade dos brasileiros extremamente pobres concentram-se no Nordeste.

A recessão petista também aumentou o contingente de jovens brasileiros sem futuro. São os chamados “nem-nem”, aqueles que, com idade entre 16 e 29 anos, nem estudam nem trabalham. Em 2016, um em cada quatro das pessoas desta faixa etária (25,8%) estava nesta condição.

Neste país extremamente desigual, as possibilidades de ascensão social também são muito restritas, o destino dos filhos costuma não diferir muito do dos pais (tanto na base quanto no topo da escala) e a educação ainda não consegue gerar maiores oportunidades para que o atraso seja finalmente superado pelas novas gerações.

Ao contrário do que costuma dizer o discurso petista, o padrão de crescimento experimentado pelo país no boom recente, que perdurou entre 2003 e 2014, não colaborou para enfrentar as iniquidades do país.

“O país não se industrializou, e as vagas ofertadas ainda são de baixa qualificação e reduzida remuneração. Esse crescimento econômico de baixo rendimento, fruto da falta de modernização, limita a mobilidade”, afirmou um professor ouvido pelo Globo.

A saída para este quadro desalentador é uma só: crescimento econômico. Tanto que, mesmo tímida, a retomada verificada neste ano de 2017 já foi suficiente para retirar 1,1 milhão de brasileiros da condição de pobreza, segundo Marcelo Néri, da FGV. A cadeia de efeitos positivos passa pela reativação dos empregos e pela manutenção da inflação em patamares baixos, como está.

(fonte: ITV/foto: Marcelo Casal-ABr)

Compartilhe:
18 dezembro, 2017 Últimas notícias 1 Commentário »

Uma resposta para “Filhos da recessão – Análise do Instituto Teotonio Vilela”

  1. […] a última edição da Carta de Formulação Política do Instituto Teotônio Vilela, o crescimento anunciado pelo discurso petista entre 2003 e 2014 não contribuiu para enfrentar as […]

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *