Gomes de Matos critica corte de recursos para a transposição do São Francisco

O deputado Raimundo Gomes de Matos (CE), integrante da Comissão Mista de Orçamento, protestou contra o corte de recursos para as obras de transposição do rio São Francisco, durante a leitura dos relatórios setoriais, na noite de segunda-feira (4). “É inadmissível um cancelamento tão expressivo! Ainda ontem estive no açude Castanhão, uma bacia com 8 bilhões de metros cúbicos de água que está no volume morto”, reiterou o parlamentar cearense.

Gomes de Matos reclamou da redução de recursos para as obras de transposição do rio São Francisco. Um dos projetos da obra – a integração do São Francisco com as bacias dos rios Jaguaribe, Piranhas-Açu e Apodi – perdeu R$ 72 milhões. Ele afirmou que o parecer afetou o Ceará, cujo principal reservatório que receberá as águas do rio (Açude Castanhão) está com apenas 3% da sua capacidade de armazenamento.

O açude Castanhão tem capacidade de 308,71hecotômetros cúbicos de água, o suficiente para abastecer uma cidade como Fortaleza por três anos. No entanto, com a estiagem que atingiu o estado nos últimos seis anos, o reservatório não recebeu água suficiente para se recompor e atingiu o volume morto.

Pelos cálculos da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará, a quantidade de água atualmente armazenada deve ser suficiente para manter os usos do açude, que já estão reduzidos, até janeiro de 2018. “As indústrias da região metropolitana vão parar. Vai faltar água. Esse relatório está aqui constatando menos, menos e menos”, protestou o tucano.

A obra de transposição levaria água do São Francisco, a partir dos pontos de captação em Cabrobó (PE) e no reservatório de Itaparica (PE), para os grandes açudes da região, entre eles o Castanhão (CE). A captação em Cabrobó dará início ao chamado Eixo Norte. Segundo Raimundo Gomes de Matos, houve mobilização de forma suprapartidária sobre a questão hídrica do estado do Ceará, e esse corte não poderia ter sido feito. Ele afirmou que questionará o corte com o relator geral.

A CMO deu início na noite desta segunda-feira (4) à fase setorial da proposta orçamentária de 2018 (PLN 20/17). Um acordo de líderes permitiu que fossem lidos e discutidos preliminarmente 13 dos 16 relatórios setoriais. É na fase setorial que as emendas parlamentares (individuais e coletivas) são incorporadas à proposta orçamentária. Os relatórios são votados um a um na comissão. A votação deverá ocorrer nesta terça e quarta.

(Ana Maria Mejia com informações da Agência Câmara/ Foto: Alexssandro Loyola)