Parlamentares do PSDB criticam silêncio de Joesley Batista em reunião conjunta de CPIs


Como esperado, o controlador do grupo J&F, Joesley Batista, ficou em silêncio nesta terça-feira.

Deputados do PSDB lamentaram nesta terça-feira (28) a decisão de Joesley Batista de se manter em silêncio durante oitiva realizada pela CPI Mista da JBS e pela CPI do BNDES. Como já havia adiantado por meio de seus advogados, o empresário recorreu ao direito de ficar calado para não produzir provas contra si. Ele foi convocado por parlamentares, inclusive por tucanos, para prestar esclarecimentos sobre a delação premiada firmada com a Procuradoria-Geral da República, que acabou anulada porque Joesley e seu irmão, Wesley, teriam mentindo e omitido informações.

Na avaliação dos parlamentares, essa era uma oportunidade de passar a limpo uma história que os brasileiros ainda não conseguiram aceitar, pois foram os grandes prejudicados. Para o deputado João Gualberto (BA), como Joesley está em situação complicada com a Justiça e inclusive, preso, o melhor seria que falasse a verdade e pudesse ter a consciência tranquila.

“O senhor já está nessa condição, então entregue a todos, seja do partido que for, inclusive do meu, se tiver alguém. O que precisamos é da verdade. Vocês têm a chance de entregar os 20, 30 corruptos que comandam essa roubalheira no país. Pense nas pessoas do Brasil, no mal que vocês fizeram”, disse.

O tucano voltou a demonstrar sua preocupação com os resultados da CPMI da JBS, que ,segundo ele, até o momento pouco apurou. O deputado insiste que sejam convocados políticos envolvidos nos esquemas ilegais da JBS, inclusive o ex-presidente Lula, e lamenta que até agora requerimentos nesse sentido não tenham sido apreciados. Para ele, há um grupo de parlamentares que não quer apurar a relação promíscua das empresas dos irmãos Batista com os governos e os políticos, pois sabem que serão atingidos.

No mesmo sentido, o deputado Rocha (AC) afirmou que os recursos públicos desviados por esquemas como o que envolve a J&F, controladora da JBS, fazem falta na educação e saúde dos filhos daqueles que mais precisam no país. Para ele, é preciso voltar as atenções a “outra banda podre” responsável por esses assaltos aos cofres públicos: a classe política. 

“Esse senhor hoje teve a chance de contribuir com um país que ele tanto prejudicou com suas ações criminosas, pois poderia entregar a verdade e aqueles que participaram do comando desse esquema. Só que mais uma vez ele vira as costas para os brasileiros. Eu teria vergonha e no lugar dele não teria mais condição de andar de cabeça erguida nesse país”, afirmou Rocha.

Segundo o tucano, Joesley tinha condições de esclarecer a relação com os políticos e também com o Ministério Público à CPI. “Ele tem a responsabilidade por muita coisa que acontece hoje com o nosso povo, com quem não tem condição de pôr o filho na escola, ou de ter atendimento de saúde. Não me orgulho da JBS, como alguns aqui disseram se orgulhar, pois foi uma empresa que envergonhou o país. Ele poderia ficar em paz com sua consciência, prestando esclarecimentos ao povo que ele tanto usurpou”.

RELAÇÃO COM O MINISTÉRIO PÚBLICO

O deputado Izalci (DF) também lamentou o silêncio de Joesley e lembrou que ele colocou praticamente todas as instituições do país sob suspeita, inclusive o Ministério Público, já que há suspeitas de que sua delação tenha sido orquestrada de maneira ilegal. “Respeito o direito ao silêncio, pois ele é bem claro em nossa Constituição. Mas insisto em algumas perguntas, pois tem coisas que podem ser faladas sem atrapalhar no processo”, disse o deputado, que questionou Joesley, por exemplo, sobre a relação da advogada Fernanda Lara com o ex-procurador Marcelo Miller, que deixou o MP para atuar para a JBS.  

Para o deputado, a relação entre a advogada e o ex-procurador são o cerne de uma orquestração montada com o intuito de “derrubar pessoas” e, de certa forma, livrar os empresários de condenações severas. Miller, que será interrogado na CPMI nesta quarta-feira, teria, de acordo com o deputado, combinado valores dos serviços que prestaria à empresa meses antes de deixar o Ministério Público, ou seja, já estaria atuando dentro da PGR a favor dos interesses do grupo. “Tem muita coisa que Joesley poderia falar que não o comprometeria, mas que nos ajudaria a passar essa história a limpo, que tanto angustia o Brasil”, reforçou.

(Reportagem: Djan Moreno/foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado) 

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28 novembro, 2017 Últimas notícias Sem commentários »

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