Apreensão mundial
Parlamentares manifestam preocupação com testes nucleares promovidos pela Coreia do Norte
O teste nuclear com uma bomba de hidrogênio realizado pela Coreia do Norte na madrugada desse domingo (3) desencadeou uma reação mundial, inclusive do Brasil. A bomba testada pelo governo de Kim Jong-un é estimada em ser pelo menos seis vezes mais forte do que qualquer outra já feita pelo regime. Segundo o Washington Post, o artefato faz um estrago sete vezes maior do que as bombas atômicas lançadas sobre o Japão na Segunda Guerra Mundial. Apenas em Nagasaki, mais de 80 mil pessoas morreram no bombardeio.
REPÚDIO INTERNACIONAL
O ministro de Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, condenou o teste e disse apoiar sanções contra a Coreia do Norte. Parlamentares também se posicionaram e cobraram uma ação enérgica em relação ao país asiático. Na comunidade internacional, diversos países condenaram o teste e sugeriram uma reação da Organização das Nações Unidas (ONU). Durante encontro dos Brics, na China, os países emergentes condenaram veementemente a ação norte-coreana.
A presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara (CREDN), deputada Bruna Furlan (SP), lamentou o que classificou de uma “escalada de tensões que já não dizem respeito apenas à Península Coreana, mas ao mundo todo”. Segundo ela, o momento exige racionalidade e equilíbrio por parte de todos os atores. “Exortamos também a que as Nações Unidas trabalhem para que haja diálogo e entendimento e que esta situação seja contornada”, afirmou.
Na mesma linha, o chanceler Aloysio Nunes já havia destacado que a situação causa profunda preocupação. “O mundo está ficando cada vez mais perigoso. O Brasil condena o teste nuclear e apoia as resoluções da ONU com sanções ao país em razão disso. E não há saída sem uma negociação direta entre as partes interessadas”, afirmou o ministro. Ele defendeu uma menção clara sobre a profunda preocupação e o apelo para negociação na declaração final do 9º encontro da cúpula do Brics.
Na declaração, assinada nesta segunda-feira (4) pelos presidentes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, os cinco países defenderam a necessidade de se chegar a uma solução de maneira pacífica e por meio de um diálogo direto entre todas as partes envolvidas. “Nós deploramos profundamente o teste nuclear realizado pela Coreia do Norte e expressamos profunda preocupação com a tensão em curso e a questão nuclear prolongada na Península da Coreia”, diz trecho da declaração.
Titular da CREDN, o deputado Guilherme Coelho (PE) defendeu um posicionamento enérgico não só dos Brics, mas de todas as nações e da ONU. “Isso é uma loucura, algo que não se pode aceitar. O Brasil precisa dizer isso ao mundo todo. Ninguém quer guerra. Todos querem paz e é preciso externar isso”, destacou, ao elogiar a objetividade do chanceler brasileiro, que se posicionou contra o teste com a bomba de hidrogênio logo que soube de sua ocorrência.
O deputado Nelson Padovani (PR) e a deputada Yeda Crusius (RS) também se pronunciaram. Para Padovani, é preciso impor um bloqueio econômico à Coreia do Norte e buscar outras sanções capazes de fazer o regime de Kim Jong-un se sensibilizar sobre a necessidade de promover a paz para o mundo. “Esse deve ser um objetivo do Brasil e de todas as nações do mundo”, disse. “É apavorante! Quando pensamos que avançamos, um ditador expõe a loucura novamente”, lamentou Yeda.
O novo teste foi realizado nos arredores de Pyongang em uma base subterrânea da Coreia do Norte. Um tremor de magnitude 6,3 foi sentido no país, na Coreia do Sul e até na China. A Coreia do Sul reagiu fazendo exercícios militares com fogo real, que simularam um ataque à base de testes do país vizinho.
Durante a reunião do Conselho de Segurança da ONU, a embaixadora dos EUA na organização, Nikki Halley, afirmou que Coreia do Norte está “implorando por guerra” e instou o conselho a adotar as “mais duras” sanções contra o país. Ela anunciou que os Estados Unidos emitirão um texto de resolução, possivelmente com sanções adicionais, para ser votado na próxima semana.
Haley lembrou que, por mais de 20 anos, o Conselho de Segurança adota medidas restritivas contra o programa nuclear norte-coreano, mas que, apesar dos esforços diplomáticos feitos até agora, ele “está mais avançado e mais perigoso do que nunca”.
(Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola e Rodrigo Bertoti CD)
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