Carta de Formulação e Mobilização Política
Ainda o maior desafio – Análise do Instituto Teotonio Vilela
O país ainda tem uma longa trajetória a cumprir antes de superar a mais grave crise econômica de sua história. Esse caminho não estará completo enquanto não conseguirmos derrotar o desemprego, chaga mais visível e dolorosa da recessão. O tamanho do problema indica a extensão dos esforços que ainda será preciso empreender em direção à geração de novos postos de trabalho.
Em 15,2 milhões de lares brasileiros nenhum membro da família tem emprego, de acordo com pesquisa feita por especialistas do Iets e do OPE Social publicada na edição de hoje do Valor Econômico, a partir de microdados da Pnad. A escalada acompanha a regressão da atividade, que comeu quase 8% da produção nos últimos três anos.
O ritmo de alta é maior entre 2014, quando começa a recessão, e o segundo trimestre de 2016, quando chega ao fim a tétrica experiência petista de governo. Nesse período, o percentual de domicílios sem nenhum membro ocupado passou de 18,6% para 20,6%. No ano seguinte, até o segundo trimestre de 2017, o índice chega a 21,8% dos lares.
A série publicada pelo IBGE corrobora a constatação de que o intervalo mais dramático da aceleração do desemprego coincide com os meses finais do governo Dilma Rousseff. Entre outubro de 2014, mês da reeleição, e maio de 2016, o total de desempregados no país subiu 81%, de 6,4 milhões para 11,6 milhões.
Felizmente, as pesquisas mais recentes já indicam alguma reversão no quadro do desemprego. No segundo trimestre deste ano, a taxa de desempregados recuou de 13,7% para 13%. Foi a primeira baixa significativa em mais de dois anos. A população desocupada diminuiu 690 mil pessoas de um trimestre para o outro.
No fim de semana, a Folha de S.Paulo já havia mostrado que as novas vagas de trabalho geradas privilegiam os profissionais com maior nível de instrução. Os grupos com ensino fundamental incompleto e sem instrução mal viram o indicador se mover – exceto para piorar – até agora. É mais uma amostra de que educação tem papel relevante em todas as frentes de melhoria de vida da população.
Os pesquisadores ouvidos pelo Valor falam da importância dos programas de transferência de renda e das políticas assistenciais e compensatórias para fazer frente às perdas de renda e de trabalho. Têm razão. Só não mencionam que a irresponsabilidade que levou as contas do país à exaustão é o que compromete a capacidade de o Estado cumprir este papel.
O emprego só voltará com força quando o crescimento econômico reaparecer com mais vigor no horizonte do país. Isso requer perseverança e rigor. Requer ajustes, reformas, cortes e combate a corporações e privilégios, para que sobre dinheiro para ajudar quem realmente mais precisa. Não se recupera o Brasil com demagogia e proselitismo.
(fonte: ITV)
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