Momento histórico


Líder do PSDB defende abertura de investigação contra Temer e lembra discurso de Covas

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“Nas questões éticas, nossa posição tem sido a mesma para adversários e aliados: que tudo seja investigado e esclarecido, respeitando-se o direito de defesa”, disse o tucano.

O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), foi à tribuna nesta quarta-feira (2) para se manifestar em relação ao pedido de abertura de investigação contra o presidente Michel Temer. O tucano encaminhou pela admissibilidade da denúncia, mas liberou os parlamentares da bancada para votarem de acordo com suas consciências. Em sua fala, também destacou o compromisso do partido com a agenda modernizante do país e evocou uma das principais lideranças do PSDB: o ex-governador Mario Covas.

BRASIL PASSADO A LIMPO

No discurso, Tripoli chamou a atenção para os “interesses políticos” em jogo na histórica votação. De um lado, os que buscam a destituição do presidente por revanchismo e vingança, e, de outro, os que defendem a continuidade do governo “acima de tudo e a qualquer preço”.

“Entre as disputas partidárias, há o cidadão brasileiro, que não aguenta mais o acirramento político estéril, enquanto o país afunda, as contas públicas se agravam e o desemprego assola as famílias”, alertou. Para o tucano, o que a população deseja é ver o Brasil sendo passado a limpo, reencontrando o caminho da paz e da prosperidade.   

“O PSDB não tem interesse no fracasso do governo, como querem o PT e seus aliados. O partido não trabalha pela ruína do país”, ponderou Tripoli, ao destacar mais uma vez que o apoio do partido sempre esteve condicionado à agenda de reformas.

RESPONSABILIDADE

O líder do PSDB destacou ainda que o partido não falta ao Brasil quando o assunto é a modernização do país e a recuperação da economia. Citou, entre outros pontos, o apoio à PEC do Teto de gastos, à reforma do Ensino Médio e à Reforma Trabalhista. A mesma postura ocorrerá na reforma política, na tributária e na da Previdência, assegurou.

 “Nosso posicionamento não está condicionado ao aparelhamento do Estado, à liberação de emendas ou a qualquer benesse palaciana. Mas, sim, à construção de um novo caminho para o Brasil, à disciplina fiscal, ao fim dos privilégios, à retomada do emprego, e à abertura de mais oportunidades para os brasileiros”, ressaltou.

INDEPENDÊNCIA

Ainda segundo ele, fora da agenda de reformas e dos projetos para o país, a bancada e o PSDB já deram inúmeras demonstrações da sua independência. “Nas questões éticas, nossa posição tem sido a mesma para adversários e aliados: que tudo seja investigado e esclarecido, respeitando-se o direito de defesa”, ressaltou.

Lembrou a postura na CCJ, onde o partido não cedeu às pressões pela troca de deputados e a maioria da bancada votou livremente pela abertura da investigação. “Não permitir que os indícios sequer sejam investigados – e aqui falo por mim e por parte expressiva da bancada tucana – é um desserviço ao país. Blindar a presidência da República das investigações só contribui para aumentar a descrença na política e para desmoralizar o parlamento”, opinou.

Ainda segundo ele, o parecer do deputado Paulo Abi-Ackel (MG) contra a abertura do processo não representa o partido e  nem foi respaldado previamente pelos colegas da bancada.

“É preciso lembrar que o presidente não negou o encontro ocorrido, ou o teor do que foi gravado. E o que veio a público, infelizmente, é sim, no mínimo, impróprio”, disse Tripoli ao se referir à conversa com o empresário Joesley Batista. Segundo ele, há sim requisitos – não para a condenação sumária –, mas para que a Câmara autorize a abertura de investigação. “Não houve e não haverá fechamento de questão no nosso partido, mas como na CCJ, os deputados poderão, de acordo com sua conveniência, proceder o seu voto”, apontou.

COVAS

Tripoli também lembrou “um dos discursos mais marcantes que esta Casa já testemunhou”, proferido por Mário Covas há quase quatro décadas, às vésperas do Ato Institucional número 5. Segundo ele, o pronunciamento foi  talvez o mais poderoso libelo em defesa da liberdade e da independência do Parlamento.

“Ao final, sentenciou para os anais da História: ‘Desejo morrer réu do crime da boa-fé, antes que portador do pecado da desconfiança’”, lembrou o líder.

 Segundo o deputado, não estão ameaçadas a liberdade e a democracia como naquele tempo, mas sim a descrença nas instituições e a desesperança na política.

“Aos meus colegas de bancada, como líder do PSDB, asseguro que aquilo que nos une é bem maior do que as matérias sobre as quais divergimos. Vencida esta questão, estaremos todos juntos, como sempre, com responsabilidade e desassombro, em prol do Brasil”, concluiu.

CONDOLÊNCIAS A EDUARDO BARBOSA

No início do discurso, o líder lembrou a ausência do deputado Eduardo Barbosa (MG) na sessão em virtude do falecimento de sua esposa em acidente automobilístico ocorrido no último domingo no interior de Minas Gerais. O tucano prestou condolências ao tucano e aos seus familiares. E a pedido de Barbosa, disse que o correligionário votaria a favor da admissibilidade se estivesse em Brasília. 

(Reportagem: Marcos Côrtes/Foto: Alexssandro Loyola)

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2 agosto, 2017 Últimas notícias Sem commentários »

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