Ameaça à democracia
Tucanos veem tentativa de intimidação da Justiça em declaração de presidente do PT
Os deputados Luiz Carlos Hauly (PR) e Izalci Lucas (DF) avaliam que o PT tenta intimidar o Judiciário e demonstra desespero ao falar em desrespeito às instituições caso o ex-presidente Lula seja condenado no caso do tríplex no Guarujá. Em nota, a presidente nacional do partido, senadora Gleisi Hoffmann, afirma que a militância não aceitará nada além da absolvição do investigado. Já o presidente do diretório carioca da sigla, Washington Quaquá, também em nota, diz que uma condenação “será o caminho para o confronto popular aberto nas ruas do Rio e do Brasil”.
Além de considerar irresponsáveis as declarações dos líderes petistas, Izalci afirma que se trata de uma afronta à Justiça. “Na prática, uma decisão judicial deve ser cumprida. Claro que, se couber, há a possibilidade de recorrer nas instâncias superiores. Mas dizer que não aceitarão é um ato de desobediência civil, uma tentativa de pressionar a Justiça”, alerta.
O tucano lembra que as declarações foram feitas no mesmo dia em que o ex-ministro petista Antonio Palocci foi condenado pelo juiz Sergio Moro, responsável por ações da Operação Lava Jato na 1ª instância, a mais de 12 anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Sobre isso, as lideranças petistas sequer se pronunciaram. “Isso porque o foco é o Lula. O desespero é para tentar justificar o que certamente acontecerá com ele também”.
Em tom ameaçador, a nota assinada por Gleisi alerta que a “militância segue atenta e mobilizada para, junto com outros setores da sociedade brasileira, dar a resposta adequada para qualquer sentença que não seja a absolvição completa e irrestrita de Lula”. Ignorando fatos e provas obtidas pela Lava Jato e que são de conhecimento nacional, a senadora paranaense alega que uma hipotética condenação do ex-presidente teria como único objetivo afastá-lo das eleições de 2018. No mesmo sentido, Washington Quaquá diz que se o correligionário não puder concorrer no próximo ano, estará ultrapassada “a última trincheira” e “não restará mais nenhum compromisso democrático no Brasil”.
Para Hauly, as colocações são lamentáveis. “É lamentável que se insurjam contra as instituições brasileiras e até demonstrem uma falta de preparo emocional, ético e moral”, aponta.
O deputado destaca que o Brasil vive um regime democrático livre e, apesar do estrago feito pelos próprios petistas no comando da nação, as instituições funcionam plenamente. “Há amplo direito de defesa a todos os acusados e, doa a quem doer, todos estão sujeitos a enfrentar um processo. Pré-julgar a decisão do juiz Moro é uma afronta ao Judiciário, ao princípio da legalidade da democracia”, critica.
De acordo com o tucano, a orquestração comandada pelo PT para incitar a sociedade contra as forças judiciais representa um atentado contra a ordem democrática nacional e a estabilidade política do país. “Não tenho dúvida que o Judiciário não se sentirá acuado e que o juiz Moro cumprirá com sua obrigação dando a sentença que couber ao caso em análise. Não sei qual será a decisão, mas qual seja ela, deverá ser respeitada”.
(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola)
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