Carta de Formulação e Mobilização Política
O Silêncio dos Nada Inocentes – Análise do Instituto Teotônio Vilela
O turbilhão que há uma semana atinge o governo do presidente Michel Temer foi um bálsamo para os petistas. De uma hora para outra, eles saíram do foco do noticiário, que até então ocupavam com destaque, e agora estão mais quietos do que nunca. No entanto, mesmo nas novas suspeitas o PT continua sendo, disparado, o principal protagonista.
Para começar, a JBS só existe tal como a conhecemos hoje por conta dos governos petistas. Seu faturamento passou de R$ 4 bilhões em 2006 para R$ 170 bilhões em 2016, ou seja, ao longo das gestões de Lula e Dilma. Emprega hoje 260 mil pessoas, segundo perfil traçado pelo G1. São 220 fábricas em 20 países. Um monstro de tamanho.
O grupo foi cevado à base de muito dinheiro público para se tornar a maior empresa de proteína animal do mundo, mas, principalmente, a principal financiadora de campanhas políticas no Brasil: 44% do que a JBS distribuiu nos últimos tempos foi para o PT, percentual que sobe para 76% quando se considera a coalisão PT-PMDB que governou o país desde 2003, informou O Estado de S. Paulo no domingo.
Aportes bilionários de dinheiro público foram feitos na empresa, a ponto de o BNDES ser dono de 21% de um frigorífico – a operação ainda está sob apuração do TCU. Tudo feito sob a coordenação e com a participação direta do então ministro da Fazenda dos governos petistas. A investigação deflagrada na semana passada indica que a função de Guido Mantega era negociar benefícios públicos com a companhia e garantir dinheiro privado para campanhas do PT.
Não só de dinheiro para campanhas foi feita a ajudinha da JBS aos petistas. Segundo a delação negociada por Joesley Batista com o Ministério Público, o conglomerado também franqueou contas correntes no exterior para Lula e Dilma no montante de US$ 150 milhões. O valor engrossaria a polpuda reserva de pelo menos R$ 82 milhões que o ex-presidente também teria recebido de outros corruptores, segundo O Globo.
O turbilhão atual não foi conveniente apenas para colocar o PT em segundo plano no escândalo ora em marcha. Serviu também para nublar a decisão da força-tarefa da Lava Jato, anunciada anteontem, de denunciar Lula à Justiça Federal pela terceira vez, agora por corrupção e lavagem de dinheiro relacionadas ao sítio dele em Atibaia (SP).
Resta claro que a crise em que estamos mergulhados não atenta somente contra os interesses do próprio país, por colocar em risco a incipiente recuperação que estava em voga. Serve, sobretudo, para permitir que os principais culpados pelo estado de coisas em que o cenário político do Brasil
se encontra fiquem bem caladinhos, num silêncio que nada tem inocente.
(ITV)
Deixe uma resposta