Buscando saídas
Bancada na Câmara defende saída do PSDB do governo se áudios comprovarem diálogos
Em nome da bancada do PSDB na Câmara, o líder do partido na Casa, Ricardo Tripoli (SP), anunciou nesta quinta-feira (18) que, diante da gravidade das revelações feitas pela imprensa sobre a delação dos proprietários da JBS, os deputados defendem a saída do partido do governo Temer caso seja comprovado, por meio da divulgação dos áudios, o teor das transcrições de diálogos envolvendo o presidente Michel Temer.
O tucano reforçou o compromisso do partido com a retomada da economia e com as reformas em curso, mas destacou que o momento exige um posicionamento em relação ao governo. Ou seja, se provas das acusações ao presidente de fato existirem e forem divulgadas, a defesa é de que os ministros do PSDB deixem os cargos. Até o momento, os áudios que supostamente incriminam o presidente da República ainda permanecem sob sigilo.
“No que diz respeito às denúncias feitas contra o presidente Temer, nós estamos aguardando e já solicitamos a quebra do sigilo para que haja comprovação. É preciso ter materialização. Se houver isso, a bancada solicita aos ministros que saiam do governo”, anunciou o líder, ao reiterar que o partido trata a situação com cuidado, pois a maior preocupação é com os efeitos sobre a economia, para impedir que o desemprego cresça ainda mais.
RESPONSABILIDADE COM O PAÍS
A bancada decidiu ainda recomendar o nome do deputado Carlos Sampaio (SP), vice-presidente jurídico do PSDB, para assumir interinamente a presidência da Executiva Nacional do partido no lugar de Aécio Neves. Mas no final da tarde, o senador divulgou nota na qual comunica seu afastamento para se defender e indica o senador Tasso Jereissati (CE) para comandar a legenda.
No início da noite, Tasso emitiu o seguinte comunicado: “Mantendo sua responsabilidade com o país, que enfrenta uma crise econômica sem precedentes, o PSDB pediu aos seus quatro ministros que permaneçam em seus respectivos cargos, enquanto o partido, assim como o Brasil, aguarda a divulgação do conteúdo das gravações dos executivos da JBS.”
Ainda na entrevista coletiva, Tripoli disse que esse é um momento de enfrentamento e o PSDB não pode faltar ao Brasil. “É uma crise que agora também é institucional, mas, que passa por aspectos econômicos e sociais. Temos que pensar no país. Esta não é uma questão de governo, mas de Estado. Estamos aguardando a demonstração das provas para tomarmos essas medidas”.
O deputado afirmou ainda que está conversando constantemente com o líder tucano no Senado, Paulo Bauer (SC), e todas as decisões serão coletivas, “para que tenhamos o enfrentamento de todas essas dificuldades que se apresentam”.
RESPEITO À CONSTITUIÇÃO
Em nota, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que a solução para a crise deve dar-se no absoluto respeito à Constituição. “É preciso saber com maior exatidão os fatos que afetaram tão profundamente nosso sistema político e causaram tanta indignação e decepção. É preciso dar publicidade às gravações e ao fundamento das acusações”, afirmou em seu perfil no Facebook.
(Reportagem: Djan Moreno/foto: Alexssandro Loyola/Áudio: Hélio Ricardo)
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