Preocupação
Adérmis defende políticas públicas e criação de mecanismos para prevenir suicídios
Quatro comissões da Câmara promoveram nesta terça-feira (16) um seminário para debater o polêmico jogo “Baleia Azul”. O deputado Adérmis Marini (SP), um dos que pediram a realização do evento, destacou a importância da criação de políticas públicas de valorização da vida e da criação de mecanismos, por meio da legislação, que impeçam disseminação de conteúdo na internet indutores do suicídio. A seu convite, esteve presente a terapeuta familiar Elisabete Comparini, que enfatizou a criação de programas de apoio a família e ao adolescente. A exemplo disto, o programa Restaura, criado em parceria com tucanos.
O “Baleia Azul” consiste em estimular jovens na internet a realizarem 50 desafios que envolvem automutilação e isolamento social. A última etapa é fatal: o suicídio. A proliferação do jogo nas redes sociais provocou o registro de vítimas no Brasil, elevando o número de pessoas que atentam contra a própria vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos. Entre meninas de 15 a 19 anos, é a principal.
Segundo o deputado, duas vertentes devem ser analisadas e debatidas com profundidade para efetivar o combate ao suicídio. “A primeira, sem dúvida, é essa questão legislativa, de trabalhar proposições visando a punição ou bloqueio de sites que venham induzir ao suicídio. A outra vertente é o incentivo a políticas públicas relacionadas à valorização da vida”, defende.
Adérmis Marini foi autor de Lei Municipal 7.788/2013, que instituiu no município de Franca (SP) a Semana Municipal de Valorização da Vida, em parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV). “Nós criamos um programa de valorização à vida com um conjunto de ações, visando o fortalecimento psicológico e dos valores do indivíduo”, explica o tucano.
Elisabete Comparini considerou fundamental a existência de políticas públicas que atendem o adolescente, a família e reflitam sobre o ambiente virtual. “O adolescente precisa ser acolhido, ouvido, direcionado, porque ele não tem a estrutura emocional do adulto”, alertou. Segundo ela, os jovens estavam participando do jogo porque não se sentiam ouvidos em casa. “É preciso trabalhar em cima da autoestima fragilizada, da auto aceitação e da capacidade da resolução de conflitos do adolescente e fazer com que a família seja apoiada nesse processo”, ressaltou.
PROGRAMA RESTAURA
Visando expandir ações a nível nacional, Elisabete ressaltou a experiência com o programa “Restaura”, lançado em Franca em parceira com Adérmis e com o vereador Kaká (PSDB-SP). A iniciativa consiste na realização de encontros semanais entre famílias e psicólogos voluntários, dentro de escolas públicas ou entidades que atendem crianças e adolescentes. Atualmente, cerca de 1.300 famílias são atendidas. Nos encontros, elas têm a oportunidade de refletir suas angústias, dificuldades e obter apoio.
Além do programa, um projeto chamado “Sim à vida” também está sendo criado. Consiste em uma plataforma virtual para oferecer apoio a adolescentes e prevenir o suicídio ou a automutilação.
REDES SOCIAIS
Durante o seminário, o deputado Adérmis reconheceu ainda os avanços tecnológicos e o desenvolvimento social ocorridos a partir do surgimento da internet. Porém, enfatizou que é importante verificar a legislação e criar mecanismos, em conjunto com as empresas de redes sociais, para impedir que estes meios influenciem o atentado contra a vida. “Vamos atuar no campo legislativo visando o impedimento de disseminação dessas informações”, prometeu.
O diretor de políticas públicas do Facebook no Brasil, Bruno Magrani, ressaltou que a empresa entende o suicídio como um problema de saúde pública e busca atuar de diversas formas para prevenir os casos. Segundo ele, no Facebook a política do nome real impede a criação de perfis falsos para disseminar ou agir de forma criminosa na rede. Existe a possibilidade de os usuários denunciarem conteúdos que, posteriormente, poderão ser retirados da rede. E, ainda, é proibido publicar conteúdos que visam gerar ameaças ou bullying.
Em parceria com o CVV, a rede social criou fluxos de prevenção possibilitando que usuários, quando verificam conteúdos de pessoas que possam estar querendo cometer suicídio, possam conversar com elas ou notificar a rede para que sejam enviados materiais de apoio àquelas pessoas. No Instagram, caso o usuário busque a hashtag “suicídio”, uma caixa com materiais de auxílio é aberta para prevenir casos.
O seminário foi realizado pelas comissões de Seguridade Social e Família, Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, Legislação Participativa e a de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática. Também estiveram presentes Fernanda Benquerer, representante da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio; Demi Geteschko, do Comitê Gestor da Internet do Brasil; Marisa Lobo, psicóloga; Marcelo Lacerda, diretor de Relações Institucionais do Google; Luiz Antonio Boudens, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais. Tiago Tavares, diretor presidente da SAFERNET – BRASIL.
(reportagem: Sabrina Freire/foto: Alexssandro Loyola)
Deixe uma resposta