Jogo perigoso


Autor de lei de valorização da vida, Adérmis manifesta preocupação com “Baleia Azul”

33845860661_bd6e3692cb_k

Adérmis Marini é autor da Lei Municipal 7.788/2013, que instituiu no município de Franca (SP) a Semana Municipal de Valorização da Vida.

A Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática promoveu nesta terça-feira (9) audiência pública para discutir o jogo virtual “Baleia Azul”. Participantes do evento defenderam a educação digital da população como forma de evitar a proliferação na internet de grupos de jovens envolvidos com esse tema.  O deputado Adérmis Marini (SP) esteve presente e demonstrou sua preocupação com o perigoso jogo. 

O tucano lamentou a ausência de representantes do Facebook e da Polícia Federal para, juntos, estudarem mecanismos para diminuir a disseminação de notícias falsas prejudiciais na internet. “Essa proliferação se tornou um problema social. Na minha cidade, Franca, teve casos de jovens que participaram do jogo. Nosso papel aqui é de regulamentar, fazer leis mais rigorosas para solucionar este problema e punir pessoas que proliferam essas informações”, enfatizou.

FAKE NEWS

O “Baleia Azul” surgiu na Rússia em 2015, a partir de uma “notícia” publicada em um veículo de comunicação local. Basicamente, consiste em estimular jovens na internet a realizarem 50 desafios que envolvem automutilação, isolamento social. A última etapa é fatal: o suicídio. A proliferação do jogo nas redes sociais provocou o registro de vítimas no Brasil, o que elevou o número de pessoas que atentam contra a própria vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o suicídio é a segunda principal causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos. Entre meninas de 15 a 19 anos, é a principal.

O diretor de Relações Governamentais e Políticas Públicas do Google no Brasil, Marcelo Lacerda, apresentou os aspectos do Google referentes à segurança na internet. “O Google faz de tudo que é possível para assegurar a segurança das pessoas na internet e para que não façamos parte dessa cadeia de distribuição de conteúdo prejudicial às pessoas. Buscamos colaborar com associações que atuam nesse campo”, afirmou. Marcelo Lacerda disse ainda que conteúdos prejudiciais podem ser denunciados e. após averiguação, acabam excluídos da rede.

Também presente, o advogado Renato Opice Blum destacou a necessidade de alinhar a educação digital com as inovações tecnológicas e a legislação brasileira. “Falta um estímulo mais objetivo que implemente políticas que gerem educação digital”, afirmou. Segundo o advogado, a falta de educação digital foi um dos fatores que seduziu as pessoas e provocou a disseminação do jogo e suas novas versões. “O que podemos fazer com as fake news? Será que existe alguma forma de controlar?”, questiona.

O presidente da ONG SaferNet Brasil, Thiago Tavares, tratou sobre como a imprensa deve agir ao falar do suicídio para não provocar o “efeito contágio”, como não detalhar as maneiras que o indivíduo pode tirar a vida. Segundo ele, uma abordagem equivocada por parte da imprensa potencializou o jogo. E revelou, ainda, que há muitos veículos sem compromisso com a qualidade da informação. 

PREVENÇÃO E PUNIÇÃO

Atuante em relação ao combate ao suicídio, Adérmis Marini é autor da Lei Municipal 7.788/2013, que instituiu no município de Franca (SP) a Semana Municipal de Valorização da Vida, que conta com a parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV).

No debate, a porta-voz do CVV, Leila Herédia, revelou que a entidade atende mais de 1 milhão de pessoas por ano que necessitam de conversar e expor seus sentimentos e angústias. “Nós atuamos nesse momento como socorro emocional. A pessoa se sente aliviada em poder falar aquilo com o outro, então nós achamos necessário conversar sempre”, disse.

Segundo Leila Herédia, é importante ensinar desde cedo as crianças a não reprimirem seus sentimentos, e sim, compartilhá-los de alguma forma. “O suicídio não significa que a pessoa quer se matar, ela está comunicando um sofrimento que passa e não sabe como deixar de sentir. ”

Recentemente, o deputado Fábio Sousa (GO) apresentou PL para agravar a pena a quem induz o suicídio. Atualmente, o artigo 122 do Código Penal estabelece punição a quem induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consumar; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. A pena é duplicada se o crime é praticado por motivo egoístico ou se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. O PL de Fabio inclui um terceiro elemento na lista. 

(Reportagem: Sabrina Freire/foto: Alexssandro Loyola)

Compartilhe:
9 maio, 2017 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *