Império do caos
Deputados manifestam preocupação com crise na Venezuela e condenam repressão a protestos
Parlamentares do PSDB condenaram nesta quinta-feira (20) o aumento da violência e da repressão na Venezuela, especialmente após a grande manifestação contra o autoritário governo de Nicolas Maduro. Para os deputados Pedro Vilela (AL) e Rocha (AC), a atitude do sucessor de Hugo Chávez representa um desrespeito ao próprio povo venezuelano. Em três semanas de mobilizações, foram oito mortes. Os manifestantes, liderados pela oposição, reivindicam a realização de eleições, a libertação de presos políticos e denunciam o que consideram uma ruptura da ordem constitucional.
“O quadro é de preocupação extrema, dos países vizinhos, do governo brasileiro e dos organismos internacionais, em especial em relação aos direitos humanos”, disse Pedro Vilela, que é vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Ele lembra que o aumento da violência e da repressão no país vizinho recebeu a condenação da comunidade internacional após a morte de dois jovens e de um militar nos confrontos de rua.
Líderes mundiais, a União Europeia (UE) e organizações como a Anistia Internacional (AI) demonstraram preocupação com a escalada de tensões e denunciaram a falta de liberdade de expressão no país. “Está muito claro que na Venezuela se configura um regime que não respeita os princípios democráticos, os direitos humanos e sequer o bem-estar social de seu próprio povo”, disse o tucano. Segundo Vilela, a gravidade da situação traz preocupações para o Brasil, em virtude do seu peso político no continente e pela fronteira, por onde centenas de pessoas fogem em busca de condições melhores de vida aqui. Ele defende uma atuação mais forte do Brasil em busca de uma solução e espera que a Venezuela possa superar esse grave momento.
Segundo o deputado Rocha, a crise na Venezuela resulta de um governo que não teve a competência de gerir o Estado. “Lá o estado é de caos total. Faltam medicamentos, comida e esperança”, disse. Ele destaca a fuga em massa de cidadãos para o Brasil. A principal rota de fuga é o Estado de Roraima que, mesmo sem estrutura para receber essa massa de refugiados, se esforça para fornecer abrigo, alimento e atendimento médico, estrangulando a rede pública de atendimento.
De acordo com o parlamentar, a falta de medicamentos é tão séria que, durante uma reunião do Parlasul (Parlamento do Mercosul, do qual participam legisladores brasileiros, do Paraguai, Uruguai, Argentina e Venezuela), um parlamentar venezuelano ligado à oposição pediu uma ajuda humanitária de medicamento. “Se a pessoa tiver aids, câncer, hipertensão, qualquer doença que precise de medicação regular, vai morrer porque não tem remédio. O paciente pode ter até ouro, mas não tem o que comprar”, alertou.
No entanto, outro parlamentar ligado ao governo de Nicolas Maduro disse que não precisava porque se tratava de uma crise pontual na questão de medicamentos. O fato é que, passados três meses, a crise ainda não foi resolvida.
(Reportagem: Ana Maria Mejia/fotos: Alexssandro Loyola/Áudio: Hélio Ricardo)
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