Carta de Formulação e Mobilização Política


A salvação da lavoura – Análise do Instituto Teotonio Vilela

logo-itvA agropecuária deverá ser o primeiro setor da economia brasileira a dar adeus à crise. O campo exibe vigor redobrado para passar o trator por cima das dificuldades e deixar a recessão comendo poeira. A produção rural avança contra tudo e contra todos – em especial, contra nossa precária infraestrutura.

Ontem, tanto o IBGE quanto a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) confirmaram que o Brasil vai colher volume recorde de grãos neste ano-safra, que vai até julho. Serão cerca de 220 milhões de toneladas, com alta próxima de 20% sobre a produção do período anterior. Em termos absolutos, são quase 40 milhões de toneladas a mais.

Dos 26 principais produtos, 14 devem entregar maior volume neste ano. Todas as maiores lavouras terão crescimento de dois dígitos, segundo a Conab: soja (10,6%), milho (31,4%) e feijão (30,4%), as duas primeiras com recordes históricos. Dos itens com alguma relevância, haverá queda apenas na safra de trigo, com recuo de 16%.

A agropecuária resistiu muito, foi um dos últimos setores a tombar, mas também vergou com a crise. O pico da produção agrícola brasileira foi alcançado no primeiro trimestre de 2015. Desde então, a queda acumulada é de 11%. Mas agora, parece certo, o fundo do poço ficou para trás.

O campo beneficia-se da melhora de fatores climáticos, sem a seca e as inundações dos últimos anos, da recuperação das cotações internacionais e, também, como todos os demais setores da economia brasileira, da mudança de ares no país.

Durante os governos do PT, a agropecuária continuou avançando, mas num ritmo bem menor do que a expansão da etapa anterior, na gestão Fernando Henrique. A produção avançou em média 3,2% ao ano desde 2003, ante 5,4% nos oito anos anteriores. Já o aumento médio de produtividade caiu de 3,7% entre 1995 e 2002 para 1% anual desde então.

Numa estimativa recente, a atual expansão da safra agrícola deverá injetar até R$ 240 bilhões extras na economia. Os efeitos se espalham para muito além do campo, atingindo a indústria de insumos e suprimentos (como sementes e fertilizantes) e de maquinário pesado, como tratores e colheitadeiras. Toda a cadeia movimenta 22% do PIB nacional.

A vida de milhares de cidades do interior do país também desabrocha junto com a safra – em mais de 1,1 mil municípios, o campo representa mais da metade da atividade econômica. Já os grandes centros são beneficiados com a baixa dos preços dos alimentos, numa espiral positiva que ajuda a derrubar os índices de inflação, como ora estamos experimentando.

A agropecuária brasileira é uma das mais vigorosas do mundo. Nossos produtores não têm de resistir apenas a pragas naturais e desastres climáticos. Na maioria dos casos, seus maiores adversários são as péssimas condições de produção que o país oferece. Em especial, a logística cara, insegura e irracional, aliada a uma burocracia insana. Mesmo diante de tamanhas adversidades, o campo está mostrando, mais uma vez, por que é a salvação da lavoura.

(fonte: ITV)

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10 fevereiro, 2017 Últimas notícias Sem commentários »

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