Surto preocupante
Febre amarela: Deputados defendem campanha de prevenção e lamentam omissão do governo petista
Deputados do PSDB defenderam a ampliação de campanhas de prevenção e vacinação contra a febre amarela, que já atingiu 120 pessoas neste ano, com 49 mortes. Ainda há mais de 600 casos em investigação, segundo boletim do Ministério da Saúde. Esse é o maior surto da doença desde os anos 1980 e já supera em 40% o pior ano da série histórica (1993), quando houve 83 registros.
O surto da doença teve início no leste mineiro. Ex-secretário estadual de Saúde, o deputado Marcus Pestana (MG) criticou duramente o desleixo do governo mineiro e defendeu a união de forças contra a epidemia. “Começou na região de Caratinga e já se espraia para o Espirito Santo, preocupando toda a população. Isso dá a dimensão do grande desafio para a saúde púbica”, destacou.
Pestana chamou atenção para o enfrentamento a doenças do século XX consideradas erradicadas. Elas devem continuar sendo prevenidas para que não voltem a contaminar a população, como é o caso da febre amarela.
“Por ser considerada erradicada, não se percebeu a tempo e não houve uma vacinação em massa com antecedência. O governo federal está buscando disponibilizar as vacinas, mas o governo de Minas Gerais tem investido muito pouco na prevenção das epidemias, até porque está falido por sua irresponsabilidade, pecando muito no apoio aos municípios”, apontou.
De acordo com o deputado, é importante que todos os entes estejam unidos no combate, ampliando os cuidados, especialmente a vacinação. “Muitos já morreram e nós temos sim que investir em hospitais, ambulatórios, em equipamentos sofisticados, mas também cuidar do básico, em cada bairro, cada vila, cada distrito rural, prevenindo para não termos que chorar depois o leite derramado, como tem sido agora”.
O número de casos, que já é alarmante, ainda pode aumentar. Há 623 casos em investigação pelas autoridades sanitárias – o equivalente a 80% do total de registros. A análise pode variar de 24 horas a um mês. Os casos estão concentrados em Minas. Até o momento, foram notificados 712 pacientes com suspeita da doença. Desse total, 584 continuam em investigação e 109 foram confirmados. Há ainda 58 óbitos em análise no estado.
No Espírito Santo, há 39 registros, com 5 confirmações e um óbito. Em São Paulo, subiu para seis o número de óbitos confirmados, quatro de pacientes infectados pelo vírus durante viagem a Minas.
O deputado Pedro Cunha Lima (PB) enxerga a situação como preocupante diante da gravidade da doença. Ele alerta para a necessidade de combate ao Aedes aegypti, que pode transmitir a chamada forma urbana da doença, mesmo que esse tipo não tenha sido identificado até o momento. Ao mesmo tempo, o deputado destaca que imunizar a população é fundamental.
“As campanhas de vacinação podem trazer uma reação à altura. As campanhas já estão acontecendo e é preciso ter velocidade nessa reação, cuidar para que isso não tome uma proporção ainda maior”, defende o deputado.
O tucano lamentou o descaso dos governos anteriores, que, segundo ele, foram omissos com a saúde. “É sempre mais prudente agir com olhar preventivo do que só dar resposta a partir do problema já posto. Houve omissão, mas agora resta buscar soluções, enfrentar o problema e cuidar para que não se repita ou amplie”.
Em Carta de Formulação divulgada nesta segunda-feira (30), o Instituto Teotônio Vilela (ITV) resume a situação e o tratamento que a saúde recebeu durante os governos petistas. O texto afirma que o atual surto de febre amarela deixa de lição o desleixo com que a saúde pública foi tratada no país nos últimos anos.
“Por muitos anos, o Ministério da Saúde serviu mais como moeda de troca no balcão partidário do que como instrumento para a melhoria de vida da população. Dinheiro para realizar, tinha, mas faltou eficiência e zelo por parte dos governos do PT. Resta agora evitar que o Brasil continue a empreender uma viagem ao passado e consiga encontrar o caminho para oferecer uma saúde melhor para seus cidadãos”, conclui o ITV.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Alexssandro Loyola)
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