Mais água para os nordestinos
Transposição do São Francisco avança após lentidão que marcou gestão petista, destaca Raimundo Gomes de Matos
Depois de anos de morosidade, explosão de orçamento, inúmeros indícios de irregularidades e várias promessas de inauguração não cumpridas, as obras de transposição do rio São Francisco finalmente avançam para valer. Nesta segunda-feira (30), o deputado Raimundo Gomes de Matos (CE) comemorou a inauguração da terceira estação de bombeamento do maior projeto de infraestrutura hídrica do país pelo presidente Michel Temer, em Pernambuco. O ministro das Cidades, Bruno Araújo (PE), também participou da cerimônia.
Para o tucano, é importante que a conclusão de todas as etapas da transposição se concretize para que a população do semiárido nordestino seja beneficiada. As águas do São Francisco são a esperança para milhões de nordestinos contra à seca. A estrutura inaugurada por Temer na cidade de Floresta (PE) nesta segunda-feira vai impulsionar as águas do Velho Chico por mais 60 quilômetros, rumo aos estados de Paraíba e Pernambuco.
Gomes de Matos é presidente da comissão especial da Câmara que acompanha as obras da transposição. Ele afirma que durante os governos Lula e Dilma, apesar da importância do empreendimento, ele foi tratado muito mais como uma vitrine eleitoral do que como algo que urgente capaz de livrar as pessoas da falta d’água.
“Tão logo o presidente Temer assumiu o governo, ele solicitou um estudo sobre todas as pendências nas obras da transposição e deu celeridade fazendo com que fossem quitados todos os restos a pagar. As pendências precisaram ser sanadas para dar celeridade às obras”, explicou.
ORÇAMENTO DOBROU
Em 2007, quando a obra começou a ser executada, a transposição era orçada em R$ 4,8 bilhões, em valores da época (R$ 8,5 bilhões em valor atual, corrigido pela inflação). Hoje, o governo estima que o custo total da obra será de R$ 9,6 bilhões. A promessa do ex-presidente Lula era de inaugurar pelo menos um trecho em 2010. Nada foi cumprido, o empreendimento foi usado para alavancar a campanha de sua sucessora, Dilma Rousseff, que também não deu celeridade alguma ao empreendimento.
“O que nós observávamos na comissão especial é que havia um grande descompasso entre a obra física e os recursos liberados. Em anos eleitorais, os governos petistas aumentavam os recursos e o contingente de trabalhadores nos canteiros. Logo após as eleições, reduziam o número de trabalhadores e a obra ficava parada novamente”, lembra Gomes de Matos.
O tucano afirma que, além da questão eleitoral, os inúmeros atrasos tiveram ligação direta com a malversação dos recursos e acabaram dando margem à corrupção. O parlamentar lembra que o atual ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, apresentou calendários físico e financeiro do projeto. Os ministros de governos anteriores, segundo ele, omitiam os calendários financeiros.
“Vemos que agora, finalmente, há sintonia entre os dois cronogramas. O fato é que existe toda a expectativa da população em receber os benefícios da transposição e acredito que agora estamos em uma nova fase e finalmente a água vai chegar para as pessoas”.
A região Nordeste enfrenta um dos priores períodos de estiagem de todos os tempos. Mais de 700 cidades estão em situação de emergência devido à falta de chuvas. Rio Grande do Norte e Paraíba são os estados mais afetados.
Em novembro, o ministro barbalho esteve em audiência promovida pela comissão especial comandada por Gomes de Matos. Na ocasião, garantiu que que os municípios beneficiados pelo projeto terão acesso à água em dezembro de 2017. A transposição já tem mais 90% de execução física. As cidades abastecidas pelo Eixo Leste terão o acesso disponibilizado em abril e as do Eixo Norte até dezembro.
(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Beto Barata/PR)
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