Carta de Formulação e Mobilização Política


A Praga do Protecionismo – Análise do Instituto Teotônio Vilela

16195852_10158545850155725_1027660176558730258_nDonald Trump não levou muito tempo na cadeira para começar a cumprir algumas das promessas que o levaram a eleger-se presidente dos Estados Unidos em novembro. Pior que assim seja. Algumas destas iniciativas representam retrocessos lamentáveis na marcha de integração global.

No discurso com que tomou posse como 45° presidente norte-americano, o republicano não deixou dúvidas sobre a que veio: o lema de seu governo será “a América primeiro”. Quase não se viu traços de líder global, papel que naturalmente cabe ao chefe da nação mais poderosa do planeta, nos seus pouco mais de 16 minutos de fala na sexta-feira.

Nos dias inaugurais de sua gestão, Trump frustrou os que esperavam que suas bravatas tivessem estancado com o fim da campanha eleitoral. E brindou à altura eleitores que esperam dele o máximo de ousadia em levar adiante um coquetel de ações voltadas a refrear o viés mais liberal que marcou os anos recentes.

Em especial, é muito negativa a decisão, tomada na segunda-feira por meio de decreto, de retirar os EUA da negociação da Parceria Transpacífica, atualmente em tramitação. Trata-se da criação da maior área de livre comércio do mundo, envolvendo 12 países, entre eles o Japão e a Austrália, e 40% do PIB global.

Sem os americanos, o chamado TPP ficará fadado ao fracasso – a menos que se confirme a sua substituição no acordo pela China, no que seria uma reviravolta capaz de abalar a geopolítica mundial atual.

Para o Brasil, as primeiras consequências podem ser positivas. Mas pelo lado negativo da questão. Se a iniciativa liberalizante do TPP prosperasse, o país, que há mais de uma década se enredou numa política externa anti-integração, veria estreitar-se ainda mais seu espaço comercial no mundo. Sem ela, resta alguma margem – pequena, porém.

Mais protecionismo, como o fim do TPP tende a exprimir, representa menos comércio, menos negócios, menos geração de riqueza, trabalho e bem-estar. A agenda do isolacionismo nacionalista, como a que norteia a política de Trump, está na raiz de debacles econômicas, como a experimentada atualmente pelo Brasil.

Mais protecionismo redunda também em menos negócios externos. Para o Brasil, particularmente ruim, posto que dos EUA provêm cerca de 20% dos investimentos estrangeiros diretos feito aqui – que neste ano devem cair algo como 11%, voltando ao nível de 2013, de acordo com previsões constantes do Boletim Focus do Banco Central.

Um mundo mais fechado, como a saída do Reino Unido da União Europeia também expressa, não interessa – ou pelo menos não deveria interessar – ao Brasil. Hoje somos um anão no concerto global das nações – com participação de pouco mais de 1% no comércio mundial – em função da política externa tacanha que vigorou no país na era petista. O cenário atual torna um pouco mais complicado o desafio de nos reconectar ao mundo.

(Fonte: ITV)

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25 janeiro, 2017 Últimas notícias Sem commentários »

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