Transporte público


Funcionamento de metrô sem pausas poderia prejudicar segurança, avalia Macris

A pedido do deputado Vanderlei Macris (SP), a Comissão de Viação e Transportes da Câmara promoveu nesta terça-feira (13) debate sobre a proposta de funcionamento do transporte público coletivo 24 horas por dia, contida no projeto de lei 5122/2013, de autoria do deputado Ricardo IzarAntonio Augusto Câmara dos Deputados (PP-SP). Participaram representantes de algumas das principais companhias responsáveis pelos metrôs de capitais brasileiras. 

Um dos pontos da proposição, relatada por Macris, prevê que os metrôs funcionem ininterruptamente nos finais de semana. Diante do exposto na audiência, o tucano disse acreditar que o ideal seja a não aprovação da proposta ou, pelo menos, a não aprovação do texto original. Isso porque os sistemas metroviários das cidades brasileiras não têm condições de operar ininterruptamente, devido à necessidade de manutenção, que precisa ser feita pela madrugada.

Mário Forati, do Metrô de São Paulo, explicou o que acontece quando o sistema está desligado. Nesse horário, diversas pessoas trabalham na manutenção do sistema, realizando a limpeza dos trilhos, a inspeção dos componentes da via, troca de trilhos (quando necessário), substituição de lastro (brita) e inspeção diária do terceiro trilho, responsável pela energia.

Luiz Bastos, da Via Quatro, também de São Paulo, reiterou a necessidade do período diário de manutenção e afirmou que a linha quatro do metrô disponibiliza como alternativa aos passageiros desse horário uma linha de ônibus que faz o mesmo percurso do metrô, com veículos a cada 15 minutos, mesmo sendo a demanda mínima (cerca de 400 passageiros por madrugada).

Para Macris, essa é uma alternativa viável e capaz de suprir a demanda dos usuários do transporte público das grandes cidades no período da madrugada. “Dá para atender as pessoas dessa forma, pois, como vimos na audiência, é inviável para o metrô operar sem pausa”.  

De acordo com o presidente do Metrô-DF, Marcelo Dourado, trata-se de uma questão de segurança do sistema. Sem a manutenção diária, o funcionamento normal dos sistemas fica em risco durante o dia e, com isso, a segurança das pessoas seria afetada.

Joubert Fortes, presidente da ANP Trilhos, responsável pelo metrô no Rio de Janeiro, afirmou que uma possível perda de intervalo nas operações do metrô comprometeria a operação do sistema nos outros dias da semana.

Segundo os convidados, apenas o metrô de Nova Iorque e parte do metrô de Londres operam ininterruptamente, pois ambos possuem várias linhas. Enquanto uma passa por manutenção, as outras operam normalmente. No Brasil, isso é inviável pois a maior parte dos sistemas possui apenas uma ou duas linhas.

LEI SECA

Um dos objetivos do autor da proposta com o funcionamento 24 horas do transporte público seria auxiliar no cumprimento da Lei Seca. Para Ricardo Izar, é preciso que haja uma alternativa para que os cidadãos possam sair à noite sem o uso de automóveis.

Para Macris, além da disponibilidade de ônibus na madrugada, mesmo que com frota mínima, é fundamental fazer campanhas de conscientização de forma maciça. “Esse é o caminho, pois fazer com que o metrô funcione sem pausa já vimos que é algo que colocaria em risco o seu próprio funcionamento e a segurança das pessoas”, concluiu o tucano.

(Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Antonio Augusto / Câmara dos Deputados)

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13 dezembro, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

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