Crise na educação
Mau desempenho em teste internacional reforça importância de reforma no ensino médio
Integrante da Comissão de Educação da Câmara, o deputado Rogério Marinho (RN) chamou a atenção nesta terça-feira (6) para o mau desempenho do Brasil na educação, como mais um ranking internacional mostrou nesta semana. O tucano alertou que, para o país sair dessa situação, é necessário enfrentar o problema e reconhecer a sua existência. O parlamentar afirma que a reforma do ensino médio é um dos passos a serem dados nesse sentido. A MP que trata desse tema será votada nesta quarta-feira (7) no Plenário da Câmara.
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De acordo com os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), o Brasil apresentou uma queda de pontuação nas três áreas avaliadas: ciências, leitura e matemática. O país caiu no ranking mundial: ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em leitura e na 66ª colocação em matemática. O teste foi feito por alunos de 15 anos, a maioria já no ensino médio.
“Isso é resultado dos equívocos que foram cometidos nos últimos 14 anos, notadamente na alfabetização. Há uma disparidade educacional que é acumulada ao longo do tempo e quando chegam ao ensino médio esses adolescentes se deparam com um ensino desinteressante com 14 matérias obrigatórias e cinco matérias transversais”, justificou, ao citar o período dos petistas à frente da Presidência da República.
Segundo o tucano, os professores não têm os instrumentos necessários para propiciar um bom ensino. Dessa forma, ele acredita que os alunos se sentem desfocados da realidade. Para ele, o ensino médio não prepara os estudantes para as universidades e nem para o mercado de trabalho. “O primeiro passo é reformar todo o sistema educacional, desde a formação de professores até a alfabetização e os livros didáticos”, ressaltou.
A avaliação foi realizada em 2015 em 70 países. No Brasil, a prova fica sob responsabilidade do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e contou com 23.141 estudantes de 841 escolas, que representam uma cobertura de 73% dos estudantes de 15 anos.
Em cada edição, o Pisa dá ênfase a uma das três áreas. Na deste ano, o foco foi ciências. A nota do país em ciências caiu de 405, na edição anterior, de 2012, para 401 em 2015. Em leitura, o desempenho do Brasil caiu de 410 para 407; já em matemática, a pontuação dos alunos brasileiros caiu de 391 para 377. Cingapura foi o país que ocupou a primeira colocação nas três áreas, com 556 pontos em ciências, 535 em leitura e 564 em matemática.
De acordo com os dados, os resultados dos estudantes em ciências e leitura são distribuídos em uma escala de sete níveis de proficiência (1b, 1a, 2, 3, 4, 5 e 6). Em matemática, a escala vai de 1 a 6. De acordo com a OCDE, o nível mínimo esperado é o nível 2, considerado básico para “a aprendizagem e a participação plena na vida social, econômica e cívica das sociedades modernas em um mundo globalizado”. No Brasil, em todas as três áreas, mais da metade dos estudantes ficaram abaixo do nível 2.
De acordo com Marinho, existe a necessidade de reformar o ensino como um todo, tanto na formação de professores quanto na metodologia. O deputado ressalta que a educação no Brasil precisa ser levada a sério. Para ele, o governo do presidente Michel Temer dá um passo importante quando envia ao Congresso a reforma do ensino médio. “O fato é que não estamos proporcionando a nossas crianças e jovens qualidade de ensino”, aponta Marinho.
GARGALO DA EDUCAÇÃO
O deputado Betinho Gomes (PE) também avaliou o mau desenvolvimento na educação do país. O parlamentar acredita na reforma do ensino médio para tirar o Brasil da estagnação do conhecimento, do cenário de perda de espaço em relação aos demais países pesquisados.
“É inacreditável que ainda existam agentes políticos que simplesmente estejam, de maneira reacionária, se negando a discutir e aprovar esse tema para que possamos devolver a esperança à nossa juventude. A reforma do ensino médio protagoniza um debate que já está muito atrasado no Brasil e esse é o maior gargalo da educação”, disse o parlamentar.
O tucano entende que pontos da proposta de reestruturação do ensino médio, enviada pelo governo em setembro pelo governo federal por meio da Medida Provisória 746, são importantes para se promover algum avanço no sistema educacional.
Entre eles, destaca o ensino em tempo integral, o avanço no sentido de levar o jovem a atuar como protagonista na escolha de sua área de conhecimento, além do estímulo ao ensino técnico. “Isso já vai permitir um avanço na qualidade da educação. Além, claro, de buscarmos garantir também condições estruturais para esse avanço”, justificou.
(Reportagem Elayne Ferraz, com PSDB-PE/ Fotos: Alexssandro Loyola)
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