Luto


País perde ícone da cultura com morte do poeta Ferreira Gullar, lamentam tucanos

Deputados do PSDB lamentaram a morte do poeta Ferreira Gullar, aos 86 anos. Ele faleceu no domingo (4) no CTI do Hospital Copa D’Or, no Rio de Janeiro, onde estava internado havia 20 dias por complicações pulmonares. Os médicos diagnosticaram pneumotórax, a entrada de ar na ferreira_gullarpleura, a fina camada que recobre os pulmões.

Nas redes sociais, o líder do partido na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), declarou que a perda de Gullar foi muito triste para a cultura brasileira, que se vê forçada a abrir mão de um dos seus principais pensadores e personagens, “embora o nome de Ferreira Gullar esteja eternizado em sua vasta e valiosa obra, que o levou, inclusive, à indicação do Prêmio Nobel de Literatura e o fez merecidamente vencedor de inúmeros outros importantes prêmios”. “Meus sentimentos aos seus familiares e amigos”, declarou o líder.

José Ribamar Ferreira, como se chamava o escritor, escolheu o nome Ferreira Gullar para assinar seus textos. O nome é uma mistura do sobrenome de seu pai e sua mãe, só mudando a grafia, que é Goulart.

“Nosso grande poeta imortal, Ferreira Gullar, partiu, transferindo para todos nós o seu sonho de transformação da nossa Pátria”, declarou o presidente nacional do partido, senador Aécio Neves.

Nascido em São Luís (MA), o poeta se mudou para o Rio de Janeiro em 1951. Na cidade maravilhosa, trabalhou na revista do Instituto de Aposentadoria e Pensão do Comércio e como revisor na famosa O Cruzeiro. Foi também funcionário da revista Manchete, do Diário Carioca e do Jornal do Brasil. Antes, ainda em 1948, trabalhou na Rádio Timbira e no Diário de São Luís.

O deputado maranhense João Castelo (MA) declarou que a cidade de São Luís perdeu um de seus maiores símbolos. “Que o nosso poeta Ferreira Gullar descanse em paz, e que sua poesia seja eternizada”, disse.

Ferreira Gullar foi um dos poetas mais relevantes da literatura brasileira. A sua obra ficou marcada principalmente pelas questões políticas e sociais. Seu posicionamento político fez com que Gullar fosse exilado durante a ditadura militar. Um dos escritos mais importantes do autor, “Poema sujo”, foi criado durante o exílio na Argentina. O poema foi gravado e trazido clandestinamente para o Brasil.

O deputado Otavio Leite (RJ) declarou que Gullar era o mais lúcido dos intelectuais brasileiros. “Meu respeito e minha admiração”, disse o tucano.

Em seus poemas, Gullar expressava a necessidade de lutar contra a opressão social. A poesia engajada é uma marca da obra de Ferreira Gullar. Acreditava que a produção artística deve levar em consideração o que está acontecendo com o mundo. Ele apresenta uma linguagem inovadora, mas com palavras simples, relacionando a linguagem verbal e a visual.

“Ferreira Gullar nos deixou e deixou o Brasil menos poético”, declarou o deputado Marcus Pestana (MG) em seu Twitter.

De acordo com Fernando Henrique Cardoso, o Brasil perdeu um de seus maiores poetas, se não o maior de todos. “O autor do Poema Sujo foi um grande personagem. Articulista lúcido, como se pode conferir no artigo da Folha ainda deste domingo, sem jamais haver renunciado a seus ideais democráticos e em favor da igualdade, soube livrar-se das ideias que a História deixou na poeira de seu rastro. Homem de convicções, teve a coragem de tomar partido sempre, mesmo sem pertencer a qualquer organização política. Ferreira Gullar morreu quando sua voz mais precisa ser ouvida. Que não nos esqueçamos dela nem dele.”

Por sua vez, o governador Geraldo Alckmin também lamentou a morte do poeta. “Com igual talento e generosidade, dedicou-se a pensar a realidade política e social do país que, hoje, lamenta muito a sua morte. Aos seus familiares e amigos, nossos sentimentos”. O ministro das Relações Exteriores, José Serra, também expressou seus sentimentos. “Perdi um amigo querido”, lamentou.

O corpo do poeta Ferreira Gullar foi velado na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Centro do Rio, na manhã desta segunda (5). À tarde, o corpo do poeta seguirá para o mausoléu da ABL no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul, onde será sepultado.

(Reportagem: Elayne Ferraz/ Foto: TV Brasil Memórias/Arquivo)

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5 dezembro, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

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