Petistas no mundo da lua
“PT caiu em desgraça perante o eleitorado e a sociedade de uma forma geral”, avalia Silvio Torres
Secretário-geral do PSDB, o deputado Silvio Torres (SP) avaliou entrevista dada pelo atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), ao jornal “Folha de S. Paulo”, na qual o petista avaliou a situação atual de sua legenda e da esquerda brasileira. Para o tucano, o Partido dos Trabalhadores se recusa a reconhecer a extensão de sua própria derrocada, cujos sinais já se desenham desde as eleições municipais de 2012.
“Em 2012, eles já não tinham avançado muito nas eleições municipais, e depois, em 2014, por pouco não perderam as eleições presidenciais, tiveram uma performance já bastante aquém do que eles esperavam. Agora, em 2016, acabou sendo claramente demonstrado que o PT caiu em desgraça perante o eleitorado e a sociedade de uma forma geral”, constatou.
Derrotado nas eleições deste ano pelo tucano João Doria, Haddad disse que seu partido e a ex-presidente Dilma Rousseff fizeram uma leitura “completamente equivocada” da crise econômica e dos protestos que tomaram o Brasil em 2013, o que colaborou para o afastamento definitivo de Dilma do cargo e para a derrocada da legenda neste ano.
O petista disse ainda que a ex-presidente Dilma, apesar de todos os avisos de economistas e especialistas do setor, realmente acreditava que a crise era temporária, o que acabou por adiar os ajustes que a economia precisava. “Quando se confirma o diagnóstico contrário, ela [Dilma] dá um cavalo de pau. Imaginando que em 2018 a economia voltaria a crescer”, destacou. Mas a manobra acabou dando errado: “Dar um cavalo de pau pressupõe que você tem base parlamentar. Ela não tinha. A popular, perdeu”.
Silvio Torres lembrou que, apesar da tentativa que Fernando Haddad e outros líderes petistas têm feito de se distanciarem da legenda, mergulhada em escândalos de corrupção, o prefeito de São Paulo faz parte desse mesmo PT, responsável pelas crises política, econômica e social sem precedentes que acometem o Brasil hoje.
“Apesar de ele, na entrevista, ter procurado se mostrar diferenciado, na verdade ele só foi eleito, em 2012, porque o PT e o Lula ainda tinham muito prestígio, a economia não estava na situação a que chegou depois, e acabou se transferindo para ele o prestígio que deu a ele a eleição. Mas, na prefeitura, ele se comportou como se estivesse acima das outras lideranças políticas. Fez uma administração muito enclausurada, só seguiu aquilo que um grupo muito pequeno achava que era correto, meteu os pés pelas mãos e perdeu a eleição. Agora, ele culpa o PT e a situação econômica. Lógico que elas tiveram impacto, mas, se ele fosse um prefeito bem avaliado, certamente poderia ter conseguido um resultado melhor”, ressaltou.
AUTOCRÍTICA
À “Folha de S. Paulo”, Haddad salientou que a crise dentro de seu partido foi muito severa, o que acabou fragmentando suas próprias forças políticas. “Só neste ano, três [ex] ministros do partido foram presos [Antonio Palocci, Paulo Bernardo e Guido Mantega]. Teve o impeachment. O Instituto Lula somou 13 horas de Jornal Nacional, neste ano, contra o Lula”, justificou. “E o Doria fez propostas objetivas que sensibilizaram o eleitorado: manter a tarifa [de ônibus] congelada, abrandar a fiscalização por radar e aumentar a velocidade das marginais. Eram as críticas que eu ouvia na periferia”, acrescentou.
Para Silvio Torres, o que faltou ao PT e ao prefeito Fernando Haddad foi autocrítica.
“Eles não reconhecem os próprios erros, só reconhecem os erros dos outros, ou atribuem o seu próprio fracasso a fatores externos. É exatamente por isso que eles continuarão sendo, por um bom tempo, exilados, do poder. Foram várias as circunstâncias, mas eles poderiam ter feito uma avaliação, se não fossem tão cheios de si mesmos, a esquerda de uma forma geral e o PT, em especial. Poderiam ter visto os sinais, que desde 2012 vêm sendo mostrados, de que o partido já estava em fase de desgaste, já estava em decadência”, completou o parlamentar.
(Da Agência PSDB/
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