Abaixo todo extremismo!, por Luiz Carlos Hauly
A invasão do plenário da Câmara dos Deputados, em 16 de novembro, e sua ocupação durante três horas por um grupo que pedia que pedia a “intervenção militar” não é um mero incidente a mais no tumultuado processo político brasileiro. É um episódio que merece reflexão. E uma decidida tomada de posição contra o extremismo, seja de que lado for.
Do outro lado do espectro político, colégios estaduais – mais de um milhar deles – e universidades foram ou estavam naquele momento ocupados por saudosistas do lulopetismo. Depois de se omitir ou apoiar cegamente o processo de destruição levado a cabo pelos governo de Lula e Dilma Rousseff, os invasores de escolas e universidades, orientados por seus tutores petistas e afins, atuam para impedir a penosa reconstrução do país, que dá os primeiros e decisivos passos sob o comando de Michel Temer.
É compreensível que a opinião pública esteja exasperada com a situação em que nos encontramos e exija uma rápida solução para a crise. Rapidez que, infelizmente, não acontece em casos dramáticos como o nosso, assim como não há cura imediata para um paciente acometido de grave enfermidade. O processo, em ambos os casos, é lento e muitas vezes doloroso. E exige paciência. A rebeldia em relação a esse rito só contribui para prejudicar, ou mesmo inviabilizar, a recuperação – do país ou do paciente.
À crise econômica e seu reflexo mais nefasto – o desemprego -, que compõem a parte mais visível da herança maldita do lulopetismo, somam-se outros problemas aflitivos: corrupção, insegurança, precariedade do atendimento público à saúde, deficiência do ensino, etc. Esse turbilhão ceva o ambiente em que os radicais fisgam suas presas.
Prestam igual desserviço à Nação tanto os invasores de escolas e universidades como os da Câmara dos Deputados, pois ambos são movidos pelo espírito autoritário: os primeiros, por se insurgirem contra a mudança de governo prevista na Constituição e consequência dos crimes de responsabilidade cometidos por Dilma -; os segundos, por vislumbrarem no regime militar a solução para os males do país.
O retorno à democracia após 21 anos de regime militar foi uma conquista dolorosa e dela não podemos abrir mão em hipótese alguma. Aprimorar as instituições, sim – o desafio é permanente. Corrigir o sistema político, idem. E uma das propostas, e sou um de seus defensores ardorosos, é adotar o parlamentarismo, transferindo-se assim parte dos poderes do presidente da República ao Congresso, o que daria mais transparência e segurança ao governo. Além disso, em caso de fracasso do governo de turno, sua substituição por outro seria infinitamente menos traumática do que ocorre no presidencialismo – o impeachment de Dilma que o diga…
A democracia é um regime imperfeito, mas, como observou Winston Churchill, não se inventou nada melhor. Temos, portanto, que defendê-la como princípio de vitalidade da Nação e fazer o possível para aperfeiçoar seus métodos e instituições. Abalar seus alicerces ou destruí-la, como querem os que defendem a intervenção militar e os jovens manipulados pelo PT, comprova o acerto da definição do general Golbery do Couto e Silva, ideólogo de processo de abertura democrática: “Direita e esquerda são como as extremidades de uma ferradura: estão em lados opostos, mas quase se tocam”.
(*) Luiz Carlos Hauly é deputado federal pelo PSDB-PR. (foto: Alexssandro Loyola)
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