Preservando a democracia
Deputados condenam manifestações radicais e defendem respeito às instituições
Deputados do PSDB alertam para os riscos dos extremismos e do autoritarismo como forma de defender bandeiras políticas. A invasão ao Plenário da Câmara nesta semana e a tentativa de acesso forçado à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) são exemplos de radicalismos que não produzem bons resultados. A ocupação de universidades e escolas por uma minoria, prejudicando milhares de estudantes há semanas, também é ato que vem sendo questionado pelo país.
Decano da Câmara, o deputado Bonifácio Andrada (MG) afirma, em artigo, que os acontecimentos políticos no país estão provocando manifestações de alta gravidade, cujas origens e causas não estão bem esclarecidas.
Espetáculos como a invasão do plenário da Câmara por um grupo que depredou o patrimônio público, ameaçou parlamentares e pediu intervenção militar no país, projetam, segundo o deputado, um ambiente negativo, que atinge o equilíbrio político e revela a exaltação anárquica que domina alguns grupos.
O deputado Ricardo Tripoli (SP) destaca que democracia pressupõe manifestações e que elas devem acontecer, sejam elas favoráveis ou contrárias a qualquer tipo de matéria ou atividade. Para ele, o que chama a atenção nos últimos acontecimentos é o extremismo que não interessa a ninguém.
“Os extremos, seja de direita ou de esquerda, faliram com o tempo no processo político internacional. Não há espaço mais para esse tipo de conduta. Vejo essas manifestações como algo isolado e não acredito que a população brasileira tenha interesse em condutas autoritárias. O que a população quer é governabilidade. As condutas agressivas não correspondem nem em 1% ao que a sociedade quer. São manifestações ultrapassadas, de uma visão pequena e que desrespeita o processo democrático”, avalia Tripoli.
Para os tucanos, os brasileiros precisam emitir suas opiniões e continuar defendendo suas posições em relação às ações de governo, do Parlamento ou até da Justiça. O que os deputados ressaltam é que as instituições precisam ser respeitadas.
O deputado Raimundo Gomes de Matos (CE) afirma que há no país todo o espaço para as manifestações, o contraditório e a oposição. Mas ele acredita que o Congresso Nacional e a Câmara Federal, especificamente, foram vítimas de um verdadeiro atentado ao processo democrático, com a invasão ocorrida na quarta-feira (16). Da mesma forma, milhares de estudantes foram impedidos de participar do Ensino Nacional do Ensino Médio na data marcada por causa de manifestantes que preferiram ocupar escolas para defenderem suas causas do que escolherem outra forma de lutarem pelo que defendem, mas sem prejudicar ninguém.
“A Câmara, por ser a Casa do povo, tem que receber a pessoas, mas não dessa forma desordenada, desordeira, sem princípios, de forma agressiva, rasgando a Constituição. O presidente da Câmara tomou a decisão correta, ordenando a retirada dessas pessoas e fazendo com que respondam perante a Polícia e a Justiça. Tem que haver diálogo, ouvir a posição de todos, mas não se pode passar por cima da lei”, destacou Gomes de Matos.
O deputado Izalci (DF), que preside a comissão especial que trata da reforma no ensino médio, lembra que, em pesquisa recente, 72% dos brasileiros disseram aprovar as mudanças nessa modalidade de ensino. Conforme destaca, a minoria que está ocupando escolas prefere ignorar isso e usar de um meio nenhum pouco democrático para exercer seu direito de protestar e defender seu ponto de vista.
“Aqueles que estão ocupando escolas não entendem que quem presidiu a comissão sobre essas mudanças e elaborou o relatório do projeto que estava na Câmara por mais de três anos foram representantes do governo passado. Eles antes queriam a mudança. Essa minoria que tem se manifestado não conhece a realidade sobre o debate em curso e tem feito um jogo do quanto pior melhor. As pessoas precisam conhecer a verdade. Queremos uma mudança para a melhor e estamos abertos a receber sugestões”, explica o deputado.
Já o deputado Rocha (AC) disse considerar estranho que parlamentares do PT e de seus “puxadinhos” critiquem o ocorrido na Câmara ou até mesmo na Alerj, mas sejam complacentes com as irresponsáveis invasões de escolas. “Aquilo que aconteceu aqui [na Câmara] certamente merece a reprovação de todos. Mas eu não vejo os mesmos parlamentares do PT, que apoiam a invasão de escolas e a ocupação e depredação de prédios públicos, manifestarem-se contrários a esses atos”, apontou.
Como alertam os deputados, o direito à liberdade de expressão deve ser mantido, mas a violência, as agressões a cidadãos comuns, parlamentares ou a profissionais de impressa devem ser exemplarmente punidas, pois sequer deveriam existir. Há meios civilizados de protestar e pelos quais os direitos das pessoas e as instituições não precisam ser atacados, mas sim, preservados.
(Reportagem: Djan Moreno/ Fotos: Alexssandro Loyola/ Áudio: Hélio Ricardo)
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