Carta de Formulação e Mobilização Política


O desalento que amplifica a crise – Análise do Instituto Teotonio Vilela

logo-itvO IBGE acaba de constatar o que há muito tempo já se cogitava: a situação do mercado de trabalho no Brasil, infelizmente, é bem pior do que se sabia até agora. O desalento com a nossa economia amplifica o exército dos que não conseguem obter um emprego e fragiliza as condições laborais.

Ontem, pela primeira vez, o IBGE divulgou indicadores que adicionam ao contingente de desempregados aqueles que deixaram de buscar trabalho (desalento) e os que, mesmo querendo, não conseguem uma ocupação mínima de 40 horas semanais (subocupação).

Segundo esta metodologia, em julho havia 22,7 milhões de brasileiros para quem falta trabalho no país. Estavam assim divididos: 11,6 milhões estão desocupados; 6,2 milhões estão desalentados, ou seja, desistiram de procurar alguma ocupação; e 4,8 milhões são os chamados subocupados, que trabalham menos que a jornada mínima diária de oito horas.

Este grupo representa 13,6% da população com idade para trabalhar no país, contingente que alcança 166 milhões de brasileiros. Quando se considera a taxa composta por todos os subgrupos, ou seja, desocupados, subocupados e desalentados, o percentual atinge 20,9% da força de trabalho “ampliada”, conceito que engloba as populações ocupadas e desocupadas e a força de trabalho potencial, de acordo com o IBGE.

Recorde-se que a taxa oficial (pura) de desemprego está em 11,8% e considera 12 milhões de pessoas sem ocupação no trimestre terminado em agosto. Com os novos indicadores, sabemos agora que, no frigir dos ovos, o total de pessoas para quem falta trabalho no Brasil equivale a praticamente o dobro do número oficial de desempregados.

Desde o início da recessão, em 2014, o grupo dos brasileiros para quem falta trabalho cresceu mais de 47%: passou de 15,4 milhões de pessoas para os atuais 22,7 milhões, segundo a edição de hoje do jornal O Globo. Ou seja, ganhou mais 7,3 milhões de pessoas.

A mudança metodológica obedece orientação da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que visa padronizar as estatísticas globais sobre o assunto. As conclusões jogam por terra a falácia, propagada durante anos pelo petismo, de que o Brasil exibiu as melhores taxas de emprego do mundo nos governos Lula e Dilma.

A este respeito, vale fixar a precisa avaliação feita por Claudio Dedecca, professor da Unicamp, publicada por O Globo: “Nos anos de pleno emprego, todo mundo tinha trabalho, mas isso não quer dizer que todos recebiam o suficiente para se manter ou tinham empregos de qualidade. Sempre tivemos postos de baixa produtividade, de baixa qualificação e baixa remuneração”.

Mais este retrato da dramática situação em que se encontra a economia do país apenas reforça a necessidade de levar adiante uma ousada agenda de reformas que tenham capacidade de promover o crescimento, de forma a gerar melhores condições de trabalho, renda e bem-estar social para os brasileiros.

(fonte: ITV)

 

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14 outubro, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

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