Carta de Formulação e Mobilização Política
A falta de uma boa educação – Análise do Instituto Teotonio Vilela
A cada dois anos, o país se vê face a face com as condições da educação oferecida por nossas escolas de ensino básico. A cada dois anos, a constatação tem se repetido: o país ainda tem um longo caminho na missão de entregar às crianças e aos jovens o saber necessário para que alcem voos mais altos e para que o Brasil responda aos desafios de um mundo mais competitivo.
As notas do Ideb foram divulgadas no final da semana passada. Referem-se, nesta rodada, às avaliações feitas em 2015. Aferem o desempenho dos alunos em provas de matemática e português e a dinâmica de indicadores relativos a reprovação e abandono ao longo dos 12 anos do ensino básico (fundamental e médio).
Nesta edição, o que mais chamou atenção foi o resultado do ensino médio, que ficou mais distante das metas estabelecidas tanto no setor público como no privado. A nota global manteve-se no mesmo lugar onde está estacionada desde 2011; em dez anos, avançou apenas 0,3 ponto, para os atuais 3,7 pontos. No recorte por Estados, entre avanços e retrocessos dos índices, 20 das 27 unidades da Federação melhoraram as notas na rede pública, mas apenas Amazonas e Pernambuco conseguiram cumprir as metas.
Nos detalhes, os resultados revelam-se ainda mais preocupantes. No ensino médio, a nota das provas de matemática cai há três edições do Ideb: para uma meta de 320 pontos, os alunos só alcançaram 267 nesta rodada. Em português, para meta de 300 pontos, a nota coincidentemente também foi de 267.
O atraso que explode no ensino médio é reflexo também dos problemas nos anos finais do fundamental. Nesta fase, a meta tampouco foi batida, como já ocorrera em 2013. Embora venha melhorando, o desempenho avança mais lentamente do que o desejado. Em dez anos, o Ideb dos anos finais do fundamental (6º ao 9º) subiu apenas 1 ponto, abaixo do avanço de 1,7 ponto registrado nos anos iniciais (1º ao 5º) – nesse ciclo de ensino, pelo menos, o Brasil tem conseguido superar as metas.
Especialistas em educação e o próprio MEC não têm dúvidas quanto às iniciativas necessárias para começar, mesmo tardiamente, a enfrentar o problema. A primeira delas é reformar o currículo. O instrumento pode ser projeto de lei (n° 6.840/13) que já tramita no Congresso a respeito, enxugando os conteúdos e associando interesses profissionais futuros dos alunos a disciplinas mais específicas no ensino médio.
Experiências bem-sucedidas país afora também podem iluminar novas práticas. De Pernambuco, por exemplo, vêm os bons resultados da expansão do ensino integral e do Ceará o sucesso das escolas de ensino fundamental, com incentivos, inclusive, fiscais – 46 das 50 melhores escolas públicas do país nesta fase de aprendizagem estão no estado.
A radiografia que emerge do Ideb atesta que a educação precisa ser mais bem tratada em todos os níveis de governo. São anos patinando – nada muito surpreendente quando se constata que o MEC teve nada menos que sete diferentes ministros na era petista. Para um partido que até ontem se vangloriava de adotar o slogan “pátria educadora”, a reprovação é absoluta.
(fonte: ITV)
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