Gestão temerária


Operação contra golpe nos fundos de pensão partiu de pedido do PSDB ao MP em 2014

Em despacho, o procurador Anselmo Henrique Lopes pede a elucidação dos fatos descritos pela representação apresentada pelo PSDB.

Em despacho, o procurador Anselmo Henrique Lopes pede a elucidação dos fatos descritos pela representação apresentada pelo PSDB.

A Operação Greenfield, deflagrada nesta segunda-feira (5) pela Polícia Federal, teve como origem representação apresentada pelo PSDB ao Ministério Público Federal (MPF) em agosto de 2014. Na época, o partido alertou as autoridades para a gestão temerária por parte de gestores de fundos de pensão como Funcef (Caixa), Previ (Banco do Brasil) e Postalis (Correios). “É inacreditável o que o PT fez durante seu período de governo. Destruiu a Petrobras e avançou nos fundos de pensão. O PSDB percebeu isso e fez uma representação contra essa marmelada toda”, lembrou nesta segunda-feira (5) o líder tucano na Câmara, Antonio Imbassahy (BA). O deputado também era líder da bancada naquele ano.

Leia também: Operação da PF e CPI mostram como fundos de pensão foram saqueados nos governos do PT

A representação da legenda denunciava que os fundos de pensão haviam apresentado elevado índice de deficiência atuarial. Havia a suspeita de que grande parte dos recursos estaria sendo aplicada em projetos sem garantia de retorno e empresas com graves dificuldades financeiras.

O líder destacou que o PT deixou uma forte marca de corrupção nas estatais, prejudicando os funcionários e os aposentados. “O impeachment interrompe um ciclo nefasto que trouxe graves prejuízos e abre um novo cenário de esperança”, afirmou Imbassahy. Com a operação da PF, todos os envolvidos nas falcatruas terão que prestar contas perante a Justiça, completou.

O documento mostrava que auditoria realizada pela Caixa Econômica questionou os investimentos feitos pela Funcef nas empresas Invepar, Usina de Belo Monte, Sete Brasil Participações S.A., Desenvix Energias Renováveis e Eldorado Celulose S.A. O fundo teve déficit de R$ 3,1 bilhões em 2013. Já o déficit acumulado da Postalis e da Previ chegava a R$ 1,9 bilhão e R$ 4 bilhões, respectivamente.

Na época, já se suspeitava da participação do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto no esquema dos fundos de pensão. Ele teria intermediado investimentos feitos por fundos de pensão estatais em empresas ligadas ao doleiro Alberto Youssef. Vaccari, preso na operação Lava Jato, foi um dos alvos da Polícia Federal nesta segunda.

A Operação Greenfield é um dos desdobramentos da investigação iniciada há um ano e meio e tem como base 10 casos descobertos a partir da análise das causas dos deficits bilionários nos fundos de pensão. Ainda na fase preliminar da apuração foram encontrados indícios de que, em oito deles, as instituições realizaram investimentos – de forma temerária ou fraudulenta – por meio de Fundos de Investimentos em Participações (FIPS).Estão em andamento sete mandados de prisão temporária, 33 de condução coercitiva e 110 de busca e apreensão.

Com base nas informações e documentos reunidos, os investigadores já constataram a existência de quatro núcleos distintos que atuavam na possível organização criminosa: o empresarial; o de dirigente de Fundos de Pensão; o de empresas avaliadoras de ativos e o de gestores e administradores dos FIPs. Há ainda outros dois núcleos que estão sendo mapeados. O avanço das investigações permitirá que os envolvidos respondam na medida de suas participações, por gestão temerária ou fraudulenta, além de outros crimes contra o Sistema Financeiro Nacional.

(Da redação com informações do MPF)

Compartilhe:
5 setembro, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *