Juízo final


Deputados reagem à fala de Dilma e reiteram que petista cometeu crimes passíveis de impeachment 

Observado pelo líder do PSDB na Câmara, relator do processo de impeachment, Antonio Anastasia, questiona a presidente afastada.

Observado pelo líder do PSDB na Câmara, relator do processo de impeachment, Antonio Anastasia, questiona a presidente afastada. Muitas das perguntas não foram respondidas por Dilma.

Deputados do PSDB rebateram as declarações feitas pela presidente afastada Dilma Rousseff durante seu discurso de defesa no julgamento do impeachment nesta segunda-feira (29). No Senado, a petista se colocou como vítima, reafirmou que está sendo acusada injustamente e que está em curso um golpe. 

O fato de a petista não assumir erros e de sequer pedir desculpas ao povo brasileiro mostra, na avaliação dos tucanos, que a presidente afastada joga fora sua última oportunidade de defesa. Para os deputados, ela tem usado seu tempo diante dos senadores apenas para atacar, até porque os senadores não tem direito a réplica .

A petista tentou desqualificar o processo de impeachment, classificando-o mais uma vez de golpe, e fez duros ataques ao governo interino de Michel Temer, e à oposição ao seu governo. Os deputados contestam as declarações e lembram que, tanto no mérito quanto no rito, o impeachment obedece à Constituição.

Da tribuna da Câmara, o deputado Jutahy Junior (BA) afirmou que Dilma cometeu crime de responsabilidade, caracterizado de forma contundente nos relatórios aprovados na Câmara e no Senado. Para ele, o fim da gestão petista dará início a uma nova etapa no país, com investimentos, segurança jurídica e geração de empregos. Ele destacou, da tribuna da Câmara, que apenas a perspectiva de saída de Dilma já conteve o ritmo acelerado de queda do PIB.

O tucano lembrou que o PT, que hoje chama o impeachment de “golpe”, foi o maior defensor de processos de afastamento no passado. “Em maio de 1999, foi votado um pedido de afastamento do presidente Fernando Henrique Cardoso, e acabou rejeitado amplamente nesta Casa, mesmo com os votos do PT e dos seus aliados”, declarou.

O deputado Bruno Covas (SP) acompanhou o discurso de Dilma no Senado esperando que ela pudesse ser transparente com os brasileiros e reconhecesse seus erros. No entanto, o que ouviu foi o oposto disso. Não houve menção à situação dos 12 milhões de brasileiros desempregados, ao desrespeito à Constituição ou à herança maldita deixada pelo PT na economia.

“No dia de hoje, a nossa jovem democracia dá um passo adiante, dizendo que não basta ter 50 milhões de votos. A Constituição é para todos, a lei é para todos. E quem comete crime de responsabilidade fiscal não vai continuar a presidir este País. Eu espero que hoje o Senado possa concluir aquilo que se iniciou nesta Câmara e afastar de forma definitiva a presidente Dilma Rousseff”, completou.

Para o deputado Izalci (DF), é impossível negar as pedaladas fiscais e a contabilidade criativa promovidas pela gestão petista. O tucano acrescenta que o país nunca viu tanta corrupção sistêmica, como ocorreu na Petrobras, e maquiagem nas contas públicas. “Mas eu tenho certeza de que, a partir de amanhã, nós iremos virar essa página definitivamente e colocar o Brasil em novos rumos, para que possamos realmente resgatar o desenvolvimento deste país e fazer justiça social”, apontou.

Diante da declaração de Dilma de que recorrerá ao STF em caso de confirmação do seu impedimento, Izalci afirma que a petista deveria recorrer ao Papa, já que o próprio STF definiu o rito do processo e seu presidente é quem conduz a sessão de julgamento. “Em termos de Constituição, tudo foi cumprido”.

Na avaliação da deputada Geovania de Sá (SC), o processo já está consolidado. “A presidente está usando esse tempo apenas para repetir tudo que já se discutiu. É o direito dela, mas não acredito que seja possível reverter votos. Há dados muito bem fundamentados que dão amparo para comprovar os crimes de responsabilidade. Ela tenta justificar, mas não convence os senadores e muito menos a população”, afirma a deputada.

A parlamentar acredita que Dilma deveria abandonar o discurso de golpe, reconhecer erros e pedir desculpas ao Brasil pela tragédia política e econômica que causou.

O deputado Rogério Marinho (RN) avalia a defesa pessoal de Dilma como frustrante. Segundo ele, todos esperavam o reconhecimento de erros e um pedido sincero de desculpas. Mas, ao contrário, a presidente preferiu falar sobre um passado distante e mentir.

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Presidente afastada é a última a ser ouvida antes da votação final do impeachment.

“Ela descumpriu a Constituição ao ultrapassar a responsabilidade precípua do Congresso, que são os decretos de suplementação sem a devida cobertura financeira; desarranjou a economia nacional quando, de forma compulsória, obrigou os bancos públicos a emprestarem ao governo para bancarem programas para usá-los em seu estelionato eleitoral. O que tem de bom em sua vinda ao Congresso é que ela consolidou tudo o que ela chama de golpe. Afinal, que golpe é esse em que há amplo direito de defesa?”, contestou Marinho.

Por sua vez, o deputado Ricardo Tripoli (SP) avalia que a presidente afastada fugiu das questões constitucionais. “É difícil ela argumentar de maneira criteriosa para alegar que não houve crime, ao contrário: o crime está claramente tipificado nas decisões que ela tomou, assinando decretos e com as pedaladas fiscais”.

Tripoli também destacou a legalidade do processo, que contou com a participação de deputados e senadores eleitos pelo voto legítimo dos brasileiros e seguindo o rito imposto pelo Supremo. “Portanto, não há que se dizer que o procedimento não seja legítimo. A presidente errou gravemente indo contra a Constituição e provocando esse caos”, ressaltou.

Na avaliação de Miguel Haddad (SP), o discurso de Dilma não mudará em nada o cenário que deve levar ao afastamento. “A presidente vem muito mais para deixar seu registro para a história, para sua biografia do que para convencer os senadores e a nação de que não houve pedaladas, de que não houve maquiagem em relação ao processo contábil que nos produziu à maior crise econômica da história do país dos últimos 50 anos”, ressaltou.

Para o deputado Duarte Nogueira (SP), as afirmações de Dilma são apenas o “choro do desesperado”. “O que quer dizer a palavra legítimo senão de acordo com a lei? O que a presidente fez foi afrontar a maior lei do pais, que é a Constituição brasileira. Ilegítimo é o ato que ela cometeu ao fazer as pedaladas fiscais, a realizar a publicação de suplementos orçamentários sem autorização do congresso nacional. Isso sim é golpe contra a constituição, o resto é apenas palavras de ordem para pensar e explicar e ver se ainda existe algum petista que acredite nessa versão”, declarou.

O deputado Luiz Carlos Hauly (PR) acredita que Dilma j á teria renunciado se tivesse amor ao povo brasileiro. O tucano ressalta que a crise econômica levou 60 milhões de brasileiros a perder o crédito na praça. “Se alguém deu um golpe neste país, foi a presidente Dilma, com apoio de Lula e do PT. Deram golpe nos trabalhadores, golpe do FGTS e no PIS/PASEP, golpe nos fundos de pensão das estatais”, comentou.

O deputado Domingos Sávio (MG) lamentou que mais uma vez Dilma tenha mentido para os brasileiros. “Ela vem ao Congresso e tenta construir uma nova mentira: a mentira de que são vítimas, de que ela é a vítima de tudo isso que está acontecendo no Brasil e não os 12 milhões de desempregados. Na verdade, estão preocupados agora em construir uma narrativa histórica de que houve um golpe para tentar enganar o Brasil, já pensando no futuro, em retornar ao poder”, alertou.

Confiante de que o placar no Senado será amplamente favorável ao impeachment, o tucano afirma que está em curso um momento de transição e que caberá a Michel Temer fazer a ponte entre o Estado corrupto e ineficiente, implantado pelo PT, para um Estado transparente e eficiente.

(Reportagem: Djan Moreno com informações do PSDB/ Fotos: Gerdan Wesley/Áudio: Hélio Ricardo)

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29 agosto, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

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