Justiça
Para deputados, discurso emotivo de Dilma não mudará resultado do impeachment
Deputados do PSDB consideram tardia a decisão da presidente afastada, Dilma Rousseff, de abrandar o discurso e usar um tom mais intimista no pronunciamento que fará em defesa própria, segunda-feira (29), no plenário do Senado. Embora a imprensa tenha noticiado a opção por um pronunciamento de caráter pessoal, ela vai insistir na tese furada do golpe.
Na avaliação do deputado Domingos Sávio (MG), a postura de Dilma confirma a decisão acertada do PSDB de denunciar os erros gravíssimos cometidos durante a gestão petista. “Nós e nossos aliados acreditamos desde o início que a Justiça seria feita”, disse nesta sexta-feira (26). O deputado mineiro lembra que no início um pequeno grupo começou a se mobilizar pelo impeachment, muitas vezes sendo acusado de “reclamar por ter perdido a eleição presidencial”.
Agora, às vésperas do afastamento final da presidente Dilma e da crise instalada dentro do próprio PT, Domingos Sávio reitera. “Nós provamos que estávamos lutando para salvar o Brasil dessa quadrilha”, declarou ao se referir ao envolvimento de petistas no escândalo da Lava Jato.
Pelo Twitter, o deputado Marcus Pestana (MG) avaliou: “Agora a ‘presidente’ quer ser emotiva! Tarde demais, querida. Crimes devem ser punidos. E o Senado sacramentará o impeachment”.
Diante das informações de que a petista estuda cada declaração para sugerir que o processo está sendo realizado contra a Constituição, Domingos Sávio contesta. Além do crime de responsabilidade, a ex-presidente mergulhou o país numa das piores crises de corrupção e da economia, lembra o parlamentar. “Agora insiste em se colocar como vítima, não tendo a humildade de reconhecer absolutamente nada dos erros que cometeu”, apontou.
Para o tucano, não há a menor possibilidade de retrocesso nesse momento histórico. Ele ressalta a condução do processo de impedimento pelo ministro Ricardo Lewandowski, presidente do Supremo Tribunal Federal, que acompanhou todas as fases do caso.
“As vozes que vieram de todos os cantos da forma mais democrática clamaram por justiça e por botar um ponto final nesse governo corrupto”, disse Sávio. Para o tucano, a tese de golpe ou de vingança não se sustenta. A presidente afastada está sendo julgada de forma correta com a observância da Constituição. “Falar em golpe é uma atitude de desrespeito com o Brasil e uma demonstração daqueles que são vocacionados para atitudes autoritárias e ditatoriais”, afirmou.
O cenário que se descortina diante da presidente afastada é de irreversibilidade. O discurso a que ela aceitou se submeter – depois de ter dito que não se defenderia no Senado – tem o objetivo de fazer um registro histórico, mesmo sem o apoio de seu próprio partido. Nem mesmo a tese de plebiscito vingou. A Executiva Nacional do PT se encarregou nesta semana de rechaçar a ideia de fazer consulta pública para convocar novas eleições, umas das principais bandeiras propostas por Dilma para escapar da cassação.
(Reportagem: Ana Maria Mejia/ Fotos: Alexssandro Loyola e Gerdan Wesley)
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