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Dilma tenta criar factoide político ao se declarar vítima de “injustiça”, avalia deputado
A poucos dias do fim do processo do impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff leu nesta terça-feira (16) a “Mensagem ao Senado e ao povo brasileiro”, em que se diz vítima de injustiça. Para o deputado Fábio Sousa (GO), vice-líder do PSDB na Câmara, a petista tentou criar um factoide político com a repetição de velhos argumentos. Dilma acusa o impeachment de ser “ilegal” e se diz inocente do crime de responsabilidade.
Dilma chega a afirmar que o impeachment seria um “golpe de estado” sem sustentação constitucional. “Como pode ser ilegal se temos a Câmara legitimada pelo voto e pela Constituição, o Senado, que já confirmou a validade do processo, e a Suprema Corte supervisionando tudo?”, questionou Sousa. Quem preside o julgamento a partir do dia 25 de agosto é o próprio presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski.
Na carta, Dilma defende a realização de um plebiscito sobre a antecipação das eleições e a reforma política, tema que os governos petistas deixaram de lado nos últimos 13 anos. Ela sugere um “pacto pela unidade nacional” e retoma promessas que ignorou enquanto esteve no poder: fortalecer a saúde pública, melhorar a educação e gerar empregos. A petista ainda se esquivou da culpa pela crise econômica dizendo que as medidas necessárias foram “bloqueadas”.
A petista já sabe que é página virada na história brasileira, acredita Fábio Sousa. Por isso, tenta criar um factoide político que renda frutos no pós-impeachment, avalia. “Eles insistem em teses que são totalmente prejudiciais ao país em todos os sentidos. Mas o país agora precisa de afirmação para ir atrás de investidores. Nossa economia dá sinais de recuperação, mas ainda está em estado grave”, completa Fábio.
Mais cedo, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, chamou de ‘brincadeira de criança’, a ideia do plebiscito sobre novas eleições proposta pela presidente afastada. Segundo ele, não há essa previsão na Constituição. “A questão do plebiscito teria que passar por uma emenda e teria que ter sua constitucionalidade verificada pelo próprio STF. Na realidade, isso parece muito mais um embate político”, explicou à reportagem de “O Estado de S.Paulo”.
O presidente do Senado, Renan Calheiros, confirmou para as 11h desta quarta-feira (17) reunião com líderes partidários e com o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, para definição dos ritos da sessão que vai definir o futuro de Dilma Rousseff. A sessão está marcada para o próximo dia 25 de agosto e deve seguir até a semana seguinte.
(Fotos: Alexssandro Loyola e Antonio Cruz – Agência Brasil)
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