Recordista de escândalos
Recorde de ex-tesoureiros réus na Lava Jato complica ainda mais a situação do PT, avalia tucano
O deputado Rocha (AC) afirmou nesta terça-feira (16) que o seguido envolvimento de tesoureiros petistas em esquemas de corrupção demonstra o quanto o partido de Dilma e Lula deixou com que a sanha pela manutenção no poder contaminasse suas estruturas. No final da semana passada, a legenda conseguiu uma marca histórica: três pessoas que já responderam pelas finanças se tornaram réus na Operação Lava Jato. O último foi Paulo Ferreira, acusado de ter ajudado escola de samba com dinheiro desviado da Petrobras.
Ferreira se juntou a Delúbio Soares e João Vaccari Neto na lista dos “donos do caixa” passíveis de ter que responder por atos criminosos. “O PT transformou a coisa pública em um negócio privado para financiar o seu projeto de poder. É o terceiro tesoureiro do PT que se torna réu na Lava Jato por corrupção!”, apontou Rocha.
Na decisão tomada sexta-feira, o juiz Sérgio Moro aceitou denúncia contra 14 envolvidos em irregularidades na construção do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes), da Petrobras, no Rio de Janeiro. Entre os réus estão Paulo Ferreira, Renato Duque (ex-diretor da Petrobras), oito executivos de empreiteiras e quatro operadores de propina. Todos foram alvo da 31ª fase da Operação Lava Jato e deverão responder por crimes de lavagem de dinheiro e corrupção.
O ex-tesoureiro está preso desde e junho, também acusado de receber propinas da empresa Consist, numa investigação desmembrada da Lava-Jato e que envolve contrato vinculado ao Ministério do Planejamento. Ferreira é acusado de ter recebido cerca de R$ 1 milhão em propina na obra do Cenpes. Os valores teriam sido direcionados a contas de seus familiares, empresas de terceiros e até a uma escola de samba de Porto Alegre. No total, R$ 20 milhões foram desviados do contrato, segundo a denúncia. A construção foi iniciada em 2008 e custou cerca de R$ 1 bilhão. Em sua decisão, Moro entendeu que há “indícios suficientes de autoria e materialidade” contra os acusados.
O deputado Rocha afirma que a situação do PT se torna cada vez mais complicada, pois além de ter uma presidente sofrendo impeachment, tem boa parte de sua cúpula envolvida nos mais grandiosos esquemas de corrupção. Agora, em sua opinião, com um terceiro ex-tesoureiro se tornando réu, o partido está cada vez mais próximo de ser extinto.
“A situação se complica ainda mais. A cada dia fica mais próximo ainda a confirmação de remessas de dinheiro foram enviadas para o exterior. Cada dia fica mais próximo também de um pedido de cancelamento do registro do partido. Situação complicada para PT”, resumiu.
Quando foi presidente da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários) entre 2004 e 2010, João Vaccari se tornou réu, denunciado pelo Ministério Público, e acabou sendo processado por formação de quadrilha, falsidade ideológica, desvio de R$ 70 milhões e lavagem de dinheiro. Na época do mensalão, foi ainda suspeito de intermediar propina para deputados quando administrou informalmente a relação do PT com os fundos de pensão e corretoras.
Recentemente, Vaccari foi pego na Operação Lava Jato e novamente denunciado por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção. Segundo a denúncia, seria o tesoureiro quem dava as contas do PT nas quais o dinheiro desviado no petrolão devia ser depositado.
Em novembro de 2012, Delúbio Soares, que também atuou como tesoureiro do PT, foi condenado, no julgamento do mensalão, a oito anos e 11 meses de prisão pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha.
Antes de ir para atrás das grades, o petista disse que o mensalão iria virar “piada de salão”. Em maio deste ano, Delúbio se tornou réu na Lava Jato por lavagem de dinheiro por causa de sua participação em empréstimo de R$ 6 milhões realizado entre o pecuarista José Carlos Bumlai – amigo do ex-presidente Lula – e o Banco Schahin, que acabou sendo fraudado.
(Reportagem: Djan Moreno/Arte: Conversa com Brasileiros/foto: Alexssandro Loyola)
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