Situação lamentável


Tucano rebate governo venezuelano e diz que país não tem nenhuma condição de assumir o Mercosul

Em resposta à carta em que o chanceler brasileiro José Serra diz que considera vaga a chefia do Mercosul, uma vez que “não houve decisão consensual a respeito”, a Venezuela se manifestou e condenou o que chamou de “artimanhas da extrema direita do sul do continente” para impedi-la de 25207966586_167d1ddd06_zassumir a Presidência rotativa do bloco. A censura foi feita na última segunda-feira (1°), em nota publicada pela chancelaria do país, e aprofundou ainda mais a crise que se instalou no Mercosul. As informações são do jornal Folha de S. Paulo desta quarta (3).

Na última sexta (29), o Uruguai informou que seu período à frente do bloco havia terminado e que não via razões jurídicas para não transferir o comando à Venezuela. Antes mesmo do anúncio uruguaio, a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, havia dito que seu país assumiria o bloco. O Paraguai, a Argentina e o Brasil se posicionaram contra a decisão do país assumir o comando temporário do Mercosul.

De acordo com a reportagem, no documento, a Venezuela reforça já estar no comando e rejeita a “tese sem suporte legal” dos outros países-membros de que a Presidência está vaga. O governo do presidente Nicolás Maduro chamou ainda os países contrários à transferência do comando à Venezuela de nova Tríplice Aliança, em referência à união entre Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai na guerra do século 19.

O deputado Luiz Carlos Hauly (PR) rebateu os argumentos do governo venezuelano e afirmou que, com Maduro na Presidência, o país não tem “nenhuma condição” de assumir o Mercosul. “Pelas cláusulas democráticas da Organização dos Estados Americanos (OEA) e pelas cláusulas políticas internacionais, a Venezuela, com Maduro como presidente, não pode estar à frente do Mercosul. É impossível que um ditador que se diz de esquerda, que destruiu a economia do país, a economia popular e levou milhões de pessoas à pobreza comande o bloco”, explicou.

Na avaliação do tucano, a situação é “lamentável” e até mesmo o ingresso da Venezuela já foi um atentado à integração do Mercosul. “O Maduro destruiu um dos mais prósperos países do mundo, rico em petróleo, rico em terras. É inadmissível que um presidente que interfere na vida dos três poderes, que persegue e prende oposicionistas possa assumir o Mercosul. Lamentavelmente, é mais uma herança maldita de Lula, Dilma e do PT”, completou.

SUSPENSÃO
Segundo O Globo, o presidente em exercício Michel Temer se reunirá com os presidentes da Argentina, Mauricio Macri, e do Paraguai, Horácio Cartes, para discutir a delicada crise em que está mergulhado o Mercosul. Uma das possibilidades que vem sendo discutida entre funcionários dos três governos seria suspender os venezuelanos do bloco pelo não cumprimento de acordos essenciais do Mercosul em matéria de democracia e direitos humanos, bem como pela inadequação de Caracas ao cumprimento de normas que habilitariam o país a se tornar sócio pleno da união aduaneira.

O ministro das Relações Exteriores, José Serra, defendeu ontem que uma comissão formada por embaixadores dos países do Mercosul assuma a Presidência do bloco. “O presidente da Venezuela não tem condições para assumir a presidência do Mercosul. A Venezuela não cumpriu as exigências existentes, os pré-requisitos para integrar o Mercosul. Houve um equívoco no passado nesta matéria. Evidentemente, alguém que não consegue governar seu país não vai poder levar o Mercosul a um bom caminho. Achamos razoável que se faça uma comissão de embaixadores que representam os países do Mercosul para informalmente dirigir o bloco até o fim do ano”, afirmou.

(PSDB/ Foto: Alexssandro Loyola)

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3 agosto, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

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