Carta de Formulação e Mobilização Política nº 1.407
O desafio do emprego – Análise do Instituto Teotônio Vilela
É intensa a torcida para que a situação do país esteja, enfim, melhorando. Há alguns indícios positivos, como a maior disposição para investir e consumir, e, principalmente, expectativas mais alentadoras quanto às perspectivas brasileiras. O principal desafio, porém, ainda permanece intacto: o desemprego continua crescendo. Vencer esta batalha deve ser o objetivo central de todos.
O contingente de pessoas sem emprego voltou a aumentar e agora soma 11,6 milhões de brasileiros. Desde que atingiu sua menor marca na séria apurada pelo IBGE por meio da Pnad Contínua, no último trimestre de 2013, o número de pessoas sem trabalho no país praticamente dobrou (alta de 91,4% ou 5,5 milhões de desempregados a mais). Infelizmente, não vai parar aí.
Em um trimestre, mais 500 mil pessoas foram postas na rua, elevando a taxa de desemprego a seu mais alto patamar na história recente do país: 11,3%. Há 15 meses o mercado só corta vagas. No primeiro semestre, 532 mil empregos foram eliminados, no pior resultado para o período em 14 anos. Em um ano, foram perdidos quase 1,8 milhão de vagas, de acordo com o Caged.
A máquina de ceifar empregos vai cortando cada vez mais fundo. As demissões afetam primeiro os menos qualificados e os mais jovens, e, com o tempo, vão subindo na espiral. É o que está acontecendo. As vítimas da hora são os chefes de família, segundo apontou estudo do Insper publicado na edição de ontem da Folha de S.Paulo.
Para as empresas também é ruim. Elas perdem sua mão de obra mais qualificada e demorarão mais tempo, quando a retomada vier, para formar novamente seus trabalhadores e torná-los mais produtivos. Isso significa que a economia como um todo sofrerá por tempo ainda mais prolongado os efeitos da recessão.
A gestão petista tentou medidas paliativas para frear o aumento do desemprego, como os lay-offs e a redução temporária de salários e jornadas. Com praticamente nenhum sucesso. O único remédio que efetivamente dá jeito no mercado de trabalho chama-se crescimento econômico, o que a receita posta em prática por Lula e Dilma definitivamente não produz.
É quase consenso que as regras que regem o mercado de trabalho no país colaboram para dificultar a geração de empregos e para tornar a produtividade do trabalho no país mais baixa que a de seus concorrentes internacionais. A estrutura sindical também tem sua participação em engessar ainda mais o sistema e encarecer as contratações.
Para tornar a economia novamente dinâmica e empregadora, não bastará ao país voltar a crescer. Será preciso encarar nosso modelo trabalhista e analisar até que ponto ele ainda nos serve num mundo tão competitivo e num mercado com tamanha concorrência. Do jeito que está, perdem todos – trabalhadores e empregadores.
(Fonte: ITV)
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