Puro factoide


Petição apresentada por Lula à ONU contra juiz Sérgio Moro é duramente criticada

Mosaico

A petição apresentada pelo ex-presidente Lula ao Comitê de Direitos Humanos da ONU alegando “abuso de poder” do juiz Sérgio Moro e dos procuradores da Operação Lava Jato foi alvo de críticas de parlamentares e do universo jurídico, por meio de manifestações da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe). Para deputados tucanos, a ação é mais um factoide e uma tentativa de desmoralizar o país junto a organismos internacionais.

O líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), questionou em seu página no Facebook, ao lembrar a postura de Lula de negar envolvimento em irregularidades: “Do que mesmo a viva alma mais honesta neste mundo tem medo? ”. O tucano alertou para mais essa tentativa do ex-presidente de tentar barrar as investigações que desvendaram o petrolão, o maior escândalo de corrupção do planeta. “Ele é alvo de investigações sobre tráfico internacional e influência, corrupção e lavagem de dinheiro no caso do sítio de Atibaia e do tríplex no Guarujá”, recordou.

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“Lula acha que está acima da lei”, critica o deputado Rogério Marinho (RN). Para ele, Lula é o tipo de político que precisa ser varrido para o lixo da história. “Os fatos demonstram que ele esteve a serviço do aparelhamento do estado, da corrupção, do fisiologismo, do clientelismo, do atraso, do dogmatismo”, enumerou. Entre os supostos abusos citados por advogados de Lula, o juiz e sua equipe, estão a condução coercitiva de Lula para depoimento à Polícia Federal, em 4 de março deste ano e a divulgação de gravações telefônicas do ex-presidente.

O deputado Rodrigo de Castro (MG) considera essa atitude como mais um delírio do ex-presidente. “É mais um factoide. O mesmo expediente que ele usou quando era presidente. A diferença é que agora a máscara caiu”, afirmou nesta sexta-feira. “Ele não tem que ir à ONU, mas sim responder à justiça brasileira e especialmente aos milhões de brasileiros que acreditaram nele e que foram iludidos”, completou.

Lula já desferiu mais de uma ofensiva contra Sérgio Moro e os investigadores da Lava Jato. No mês passado, a defesa do ex-presidente entrou com representação na Procuradoria-Geral da República (PGR) sob a mesma alegação. Em outro recurso, pediu que o juiz declarasse sua suspeição. No Supremo Tribunal Federal (STF), tentou tirar as investigações da mão do magistrado. Agora, recorre à ONU.

Para o deputado Bruno Covas (SP), as investigações têm seguido o rigor jurídico.“Não há nenhum sentido, nenhum embasamento jurídico. É apenas para fazer publicidade e falar para o público dele. Fazer uma coisa dessa com o juiz Sérgio Moro beira a imoralidade”, disse o deputado paulista.

Ele avalia que o trabalho de Moro é uma referência, e o rigor com que ele tem julgado os réus é um marco histórico para o Brasil. Bruno Covas diz que Lula deve temer ir parar no presídio. “Ele tem medo da Justiça, do Judiciário, da Policia Federal, da Operação Lava Jato”, enumerou.

Para o deputado Paulo Abi-Ackel (MG), Lula recorre a uma estratégia recorrente: toda vez em que se sente acuado, recorre a um factoide para tentar desviar a atenção. Na opinião do tucano, o petista tenta mais uma vez confundir a opinião pública ao alegar que está sendo perseguido pelo juiz Sérgio Moro. Abi-Ackel avalia que a petição à ONU é um “gesto inútil”, até porque o direito de defesa do ex-presidente está sendo plenamente respeitado no Brasil.

Na nota de repúdio à petição de Lula, a AMB afirma que a Corte Internacional não deve ser utilizada para constranger o andamento de quaisquer investigações em curso no país, principalmente, aqueles que tem como prioridade o combate à corrupção. “A AMB vê com perplexidade as diversas tentativas de paralisar o trabalho da Justiça brasileira”, diz trecho.

Já a Ajufe reitera total confiança na isenção e capacidade do juiz Sergio Moro que decide fundamentalmente de acordo com a Constituição. “Tudo o mais são lamentos infundados e representam uma atitude de afronta e desrespeito ao poder Judiciário Nacional”.

IDA À CÂMARA

O juiz Sérgio Moro é um dos convidados na Comissão Especial que Estabelece Medidas contra a Corrupção, instalada em junho, para analisar o Projeto de Lei 4850/16. O projeto prevê maior rigor no combate aos crimes contra o patrimônio público e ao enriquecimento ilícito de agentes públicos.Moro deve participar de audiência pública na próxima quinta-feira. 

(Reportagem: Ana Maria Mejia/fotos: Alexssandro Loyola)

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29 julho, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

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