Ação vergonhosa


Parlamentares do PSDB protestam contra adiamento de votação do recurso de Cunha na CCJ

27676180914_e83bbe03e7_zProtestos e gritos de “vergonha, vergonha” marcaram o encerramento abrupto da reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que analisava o relatório ao recurso do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) contra a decisão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar de encaminhar o processo de cassação dele para votação final no Plenário da Câmara.

Parlamentares do PSDB se indignaram com a decisão do presidente da comissão, Osmar Serraglio (PMDB-PR), de interromper a reunião com o argumento de que o horário da eleição do novo presidente da Câmara estava sendo manipulado. A sessão do plenário estava prevista para as 16h, foi adiada para 19h e, por fim, começou às 17h30.

“Infelizmente, de forma vergonhosa o presidente se aproveitou do cargo para encerrar os trabalhos na mão-grande”, criticou o deputado Bruno Covas (SP). Ele disse que desde a manhã, numa reunião que já durava sete horas, os tucanos enfrentaram a obstrução do grupo que defende o mandato de Eduardo Cunha. Para se ter a dimensão dos conflitos, basta analisar que foram apresentados oito votos em separado.

“É inaceitável e um desrespeito à população brasileira”, reagiu o deputado Betinho Gomes (PE). Ele foi coautor do requerimento que provocou o encerramento das discussões e ressaltou que, apesar das ações protelatórias, as posições já estão definidas e nenhuma argumentação modificará as opiniões.

O tucano rebateu o argumento do deputado Ronaldo Fonseca (Pros-DF), relator na CCJ, de que a votação no Conselho de Ética deve ser feita pelo sistema eletrônico. “A votação nominal não é novidade. Foi usada na reunião final que cassou o deputado André Vargas, portanto não cabe nulidade”, afirmou. O argumento teve o apoio da maioria, mas não conseguiu levar o recurso ao voto.

“Na verdade, desde o início a intenção era protelar e por mais que a gente tenha conseguido barrar vários requerimentos de adiamento, no final, o presidente encerrou a sessão e não se deu a votação do relatório”.

O deputado Nelson Marchezan Junior (RS) protestou veementemente. “É manipulação. Perdemos a chance de encerrar hoje uma etapa triste da Câmara”, disse. Segundo ele, o presidente da comissão não tinha nenhuma justificativa técnica para encerrar os encaminhamentos. Só faltava ouvir a defesa final de Eduardo Cunha, nova discussão e votação. “É uma lástima. Não sei se foi por covardia, ou por arranjo. Não sei qual o motivo, mas isso diminui o presidente. Isso diminui a CCJ, diminui a Câmara”, criticou.

Marchezan disse que amanhã provavelmente não haverá quórum e Eduardo Cunha terá conseguido o objetivo dele de procrastinar a decisão da cassação. A CCJ tem reunião marcada para amanhã (14) às 9h no plenário 1.

(Reportagem: Ana Maria Mejia/ Foto: Alexssandro Loyola)

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13 julho, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

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