Carta de Formulação e Mobilização Política nº 1.402


Bolas fora – Análise do Instituto Teotonio Vilela

logo-itvÉ impossível não concordar com Eduardo Paes quando ele diz que as Olimpíadas serão uma “oportunidade perdida” para o Brasil. Como prefeito da cidade-sede dos jogos, ele deve saber do que fala. Para o resto do país, não será surpresa alguma, depois da decepção que foram os legados (ou a falta deles) advindos da Copa do Mundo.

Repete-se nas Olimpíadas o padrão que marcou as obras destinadas a abrigar os jogos do campeonato de futebol em 2014 e prover as cidades-sedes de melhor infraestrutura urbana: promessas demais e realizações pífias, muito dinheiro público desperdiçado e uma conta que acabou sobrando para a sociedade pagar.

Segundo “O Estado de S. Paulo”, as principais obras prometidas como legado da Copa de 2014 simplesmente não aconteceram. Dos 125 projetos de mobilidade urbana relacionados ao evento, apenas 18% estão em operação. Foi um festival de dinheiro jogado fora, como atestam os trilhos de VLT apodrecendo em Cuiabá ou os corredores de ônibus incompletos na capital paulista.

Em outro levantamento, publicado ontem, “O Globo” mostrou que 36 projetos de corredores de ônibus, trens leves e metrôs atrasaram ou foram abandonados porque as respectivas prefeituras não receberam os recursos que haviam sido prometidos pelo governo petista por meio do PAC. Foram mais de R$ 7,3 bilhões que viraram fumaça.

Especificamente nas arenas, cujo custo final foi o triplo do inicialmente estimado, prevaleceu o uso de dinheiro público, com as consequências que as muitas operações da Polícia Federal posteriormente revelaram: o desvio de recursos para beneficiar partidos e políticos. No geral, 84% das obras da Copa foram bancadas com verba de governos, segundo informou o TCU à época.

Passados dois anos da Copa, o balanço das desventuras resultantes das Olimpíadas também já começa a ser feito. Há duas semanas, a “Folha de S.Paulo” mostrou que nenhum compromisso ambiental assumido com vistas aos jogos do Rio foi honrado. Ficaram no papel a despoluição da baía de Guanabara, a limpeza da lagoa de Jacarepaguá e até o plantio de mudas para recomposição de mata atlântica.

O Brasil se converterá em exemplo do que não se deve fazer quando estão em pauta eventos esportivos de dimensões globais. Neste quesito, vamos passar à história como um dos países que transformaram em limão a limonada de abrigar dois megaeventos em espaço de dois anos; estamos mais para México do que para Alemanha…

Infelizmente, as obras relacionadas à Copa do Mundo e às Olimpíadas não destoam em nada da realidade que vicejou no Brasil nos últimos anos: um imenso cemitério de obras inacabadas, de recursos públicos torrados irresponsavelmente e de benefícios sonegados à população. Não foram apenas os dois eventos que se constituíram em oportunidades perdidas para o país. Foi todo um período que foi jogado na lata do lixo.

(fonte: ITV)

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12 julho, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

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