A necessária agenda positiva, por Luiz Carlos Hauly


A renúncia de Eduardo Cunha à presidência da Câmara, da qual estava afastado por decisão do STF, desata um dos nós górdios da política nacional, contaminada pelo mau humor e desconfiança causados pelo desastre econômico, gerencial e político que caracterizou o desgoverno Dilma Rousseff.

Dilma: eis outro nó que o Brasil precisa desatar para retomar o desenvolvimento e readquirir a esperança, desafios que o presidente em exercício Michel Temer enfrenta com determinação, mas limitado pela presença deletéria da presidente afastada, inquilina de luxo no Palácio da Alvorada.

Não podemos esperar de Dilma um ato como a renúncia de Cunha – que entregou o anel para salvar os dedos, ou o seu mandato. Se renunciasse, Dilma salvaria não o seu mandato, que está condenado, mas o país. Temer, portanto, terá de conviver, até a decisão final do Senado sobre o impeachment, com o espectro de Dilma e o exército fantasmagórico de petistas dispostos a tudo para sabotar seu governo.

O obstáculo, no entanto, não pode – e não deve – impedi-lo de elaborar uma agenda positiva para devolver a confiança ao cidadão comum e aos agentes econômicos, condição indispensável à retomada do desenvolvimento. Essa agenda, pautada pelos fundamentos do Plano Real – que acaba de completar 22 anos e foi desrespeitado sem dó pelos governos petistas –, vai neutralizar, no primeiro momento, as conspirações de Dilma e do PT e do mentor de ambos, Lula; no segundo, destravar a porta da esperança e no terceiro, pavimentar o caminho para o desenvolvimento sólido, durável e sustentável.

Com a experiência adquirida em duas gestões como secretário de Fazenda do Paraná, da qual redundou, entre outras conquistas, a segunda posição como estado mais competitivo e o primeiro na estratégia de atração de investimentos (*), propus ao presidente Temer algumas medidas indispensáveis e de efeito duradouro e que configuram a base de um Plano Real 2.

Encabeçam essas propostas um mecanismo de partilha equânime de receitas entre União, estados e municípios; modelo federativo que estabeleça divisão justa de riquezas e distribuição de encargos; e as reformas fiscal (menos impostos e maior racionalidade na sua aplicação e destinação), da Previdência (sistema único para trabalhadores da iniciativa privada e órgãos públicos), da Saúde (mais eficiência do SUS e menor tributação dos medicamentos), e da Educação (universalização do ensino integral). Na agricultura, base de nossas riquezas, criar, entre outras iniciativas, o Fundo de Desenvolvimento Rural. No comércio externo, ampliar os acordos de cooperação internacionais. A eficácia dessas medidas, no entanto, depende de uma profunda reforma política, a começar pela adoção do voto distrital, que permitirá melhor representatividade no Congresso e acompanhamento das atividades parlamentares pelos eleitores.

Estas propostas sensibilizaram o presidente Temer, que pretende se debruçar sobre elas assim que conter a sangria provocada pelo desgoverno Dilma. Dilma: quantos anos serão necessários para reconstruir o que ela, seu mentor e o PT destruiram em tão pouco tempo?

 (*) LUIZ CARLOS HAULY é deputado federal (PSDB-PR)

(*) Conceitos atribuídos pelos jornais The Economist e Financial Times, respectivamente.

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11 julho, 2016 Artigosblog Sem commentários »

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