Conhecimento: um ativo fundamental
Em audiência pública, deputados defendem ações em prol do empreendedorismo e da inovação
Estimular a atividade econômica é uma ação determinante que fará a diferença para um Brasil moderno e realmente empreendedor. “Cabe a este Parlamento avançar com essas ideias que aperfeiçoem o debate para o século XXI”, disse o deputado Otavio Leite (RJ) durante audiência pública na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços para debater a atuação e desafios das empresas juniores, startups e incubadoras no contexto do desenvolvimento econômico brasileiro.
FALTA DE ESTÍMULO
Entre os entraves para o crescimento das startups brasileiras está a falta de estímulo ao investidor que, no caso dessa modalidade de investimento, será realmente um aporte de risco. “O investidor de risco precisa ter estímulo para querer entrar no negócio. Caso contrário será mais fácil investir em ações com taxas de remuneração ligadas à Selic”, alertou Otavio Leite.
Ele considera um desafio alterar o campo regulatório para o funcionamento das startups, empresas juniores, incubadoras e investidores anjos (investidor de risco). Para isso, o parlamentar carioca anunciou uma ampla mobilização que será feita a partir da criação da Frente Parlamentar em defesa desse segmento da economia nacional. “Já temos o número de assinaturas regimentalmente necessário”, afirmou.
Ainda de acordo com o parlamentar do PSDB-RJ, ainda que tenha o PIB dez ou doze vezes maior que o brasileiro, não há justificativa para que os Estados Unidos tenham 80 mil empreendedores em startups, enquanto no Brasil há apenas 5 mil. “É preciso robustecer o orçamento dos ministérios para que a mudança aconteça”, argumentou Otavio Leite.
Já o deputado Vitor Lippi (SP) defendeu a participação das universidades nessa agenda positiva para o Brasil. “Estamos convencidos que a economia mais importante do mundo é o conhecimento e sem ele, no mundo globalizado, não vamos a lugar algum”, alertou Lippi. Segundo ele, são 1,3 mil campi universitários, incluindo as escolas técnicas federais, que reúnem o saber, um capital essencial para a inovação tecnológica.
“Temos ciência que os jovens estão dispostos a empreender. Precisamos potencializar essa disposição”, completou Lippi. O parlamentar reiterou a necessidade dessa ser também uma agenda das universidades, que poderão se transformar em centros de desenvolvimento regional, a exemplo de algumas ações desenvolvidas pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MDIC).
De acordo com o secretário adjunto da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MDIC, Jorge Mário Campagnolo, o Brasil tem hoje onze laboratórios que apoiam empreendedores individuais. Distribuídos em dez estados – desde o Rio Grande do Sul até o Amazonas – os laboratórios abertos transformam ideias em protótipos e, a partir daí, auxiliam na criação de negócios.
Segundo ele, os laboratórios buscam qualificar as startups com eventos presenciais em que são colocados desafios para que sejam resolvidos. “Tem tido respostas positivas, a exemplo da solução a um desafio da Embraer”, disse Campagnolo. O programa nacional de aceleração de startups que visa fomentar e empreendedorismo digital no Brasil apoia 183 delas e 3 mil empresas. Mas um dos entraves é a falta de regularidade na oferta de recursos.
MUDANÇAS
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), Amure Pinho da Rocha Silva, a entidade representa 40 mil empreendedores. Ele ressalta que a primeira mudança a ser enfrentada deve ser o marco regulatório. Outro ponto importante é ter um banco de dados que dê a real dimensão das startups no Brasil. Ele cita como exemplo a Sympla, a maior empresa do Brasil na venda de ingressos sem ter nenhum escritório.
Para o diretor-executivo da Dínamo, Rodrigo Afonso, o mundo experimenta uma era de novos paradigmas, a exemplo do UBER, que é a maior empresa de transporte apesar de não ter nenhum carro. Há também o site de vendas AliBaba, que não tem loja física. “Estamos num processo de transformação do mundo, que sai do modelo fordista de criação mecânica para o mundo virtual, em que tudo acontece, sem necessidade da presença física”, afirma ele. Embora sejam consideradas a alternativa do futuro, as startups são empresas de alto risco. Uma em cada dez sobrevivem – elas precisam de investimento de risco, porque depois de pronta, podem não dar certo e fechar.
(Reportagem: Ana Maria Mejia/foto: Alexssandro Loyola)
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