Tragédia nacional, por Rogério Marinho
Desde a década de 90, sabe-se que o país vive a tragédia do analfabetismo escolar. A falta de aprendizado é endêmica.A gravidade da situação exigiria das autoridades educacionais enfrentamento corajoso do problema; sem uso de tergiversações e populismo como já é tradição.
Estão preferindo ignorar as mazelas e fantasiar a realidade. Pela Avaliação Nacional da Alfabetização -2014-, coordenada pelo MEC, é possível checar os padrões de aprendizagem dos alunos do 3º ano do ensino fundamental, portanto, nas séries iniciais da vida escolar.
Vejamos alguns números de nossa vergonha: 22% das crianças não desenvolveram a leitura e somente 11% alcançaram nível adequado. Mais de 56% dos alunos brasileiros apresentaram graves deficiências de alfabetização. Considerando os estudantes do nordeste, 73% demonstraram alfabetização muito insuficiente e apenas 6% dos alunos tiveram desempenho adequado em leitura.
Um sistema de ensino que sequer consegue alfabetizar seus alunos precisa ser repensado e sofrer profunda reformulação. Um total de 6% do PIB é aplicado em educação. Em contrapartida, 12% dos estudantes de 3º ano não aprenderam a escrever. Apenas 10% obtiveram desempenho adequado em escrita. Pasmem!, somente 4% dos alunos nordestinos tiveram desempenho adequado. A ineficiência deveria envergonhar a Nação.
Dentre as causas do fracasso em alfabetizar está a aplicação de metodologias de ensino chamadas de construtivismo ou linguagem global. O fenômeno já foi conhecido em outros países que passaram pela mesma moda pedagógica e queda acentuada do aprendizado. Nenhuma lição da nova ciência da leitura está sendo aplicada no país. O método fônico, comprovadamente mais eficaz, é atacado irracionalmente pelos adeptos do construtivismo. O resultado é a persistência do analfabetismo em altas doses e em todas as etapas do ensino.
De acordo com estudo do Instituto Paulo Montenegro, realizado com a ONG Ação Educativa, em 2012, 38% dos alunos de universidades brasileiras não dominavam habilidades básicas de leitura e escrita. O percentual é assustador: grave problema pedagógico herdado dos primeiros anos do ensino fundamental evidenciando a grande tragédia nacional.
Algumas ações corretivas são inadiáveis: aplicação do método fônico; mudança da grade curricular na formação de professores; instituir avaliação periódica do magistério; formação continuada em função de suas deficiências; restabelecimento do respeito em sala de aula e valorização institucional do mérito escolar, ou seja, premiar o esforço pelo aumento do desempenho.
Precisamos romper com o pacto da mediocridade, do corporativismo sindical e da irresponsabilidade com os resultados dos estudantes. Mais do que nunca será necessário estabelecer o ensino republicano pautado em evidências científicas, sem doutrinação político-ideológica e sem mistificações: um salto que o Brasil necessita.
(*) Rogério Marinho é deputado federal pelo PSDB-RN.
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