Tripé fundamental


Tucanos consideram acertadas diretrizes econômicas do novo presidente do BC

mosaicoDeputados do PSDB veem a escolha do economista Ilan Goldfajn para o comando do Banco Central com otimismo. Apesar de considerarem que ele terá uma árdua missão pela frente, os tucanos afirmam que os objetivos inicialmente apontados pelo novo presidente da autoridade monetária brasileira estão em consonância com as necessidades da economia nacional.

INFLAÇÃO NA META

A indicação do nome feita pela Presidência da República foi aprovada nessa terça-feira (7) pelo Plenário do Senado, com 56 votos favoráveis. Durante sabatina ocorrida na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o economista destacou uma de suas prioridades: colocar a inflação novamente no centro da meta. Além disso, defendeu a volta do tripé composto por superávit primário, câmbio flutuante e metas de inflação. Com isso, cai por terra a nova matriz econômica criada pelos governos petistas, que deixaram como resultados inflação alta, recessão e um enorme rombo nas contas públicas.

Economista por formação, o deputado Giuseppi Vecci (GO) lembrou que esse tripé foi exitoso no Brasil durante muito tempo, inclusive no primeiro governo do ex-presidente Lula. Foi graças a essa combinação que o real manteve sua estabilidade durante os governos tucanos de Fernando Henrique Cardoso. Goldfajn inclusive ocupou o cargo de diretor de Política Econômica do Banco Central de setembro de 2000 a julho de 2003. 

“Sou torcedor de que ele [Goldfajn], como conhecedor do rigor do ajuste fiscal e das políticas monetárias, possa voltar essa política para o bem do Brasil”, declarou Vecci.

O parlamentar destacou ainda que a necessidade de retorno a esse tipo de política econômica e monetária se faz necessária após o modelo adotado pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, “que acabou tolhendo toda a política ancorada nesse tripé e desencadeou nisso que vemos agora: inflação alta, desinvestimento e indicadores cada vez mais negativos”.

O caos nas finanças brasileiras teria se iniciado, segundo o deputado, a partir do momento que se iniciou a nova matriz econômica, desenhada por Mantega, de impulsionar o desenvolvimento “com um pouquinho a mais de inflação” – o que, segundo o ex-ministro, não fazia mal, mas acabou levando a economia a uma derrocada.

Na avaliação de Bonifácio de Andrada (MG), as propostas de Goldfajn “são necessárias para fazer face aos problemas econômicos e financeiros do país”. Entre essas propostas está a de prosseguir com o sistema de metas no controle inflacionário – desde 2009 a inflação não fica no centro da meta, de 4,5%, com tolerância de dois pontos de variação para mais ou para menos.

Além disso, antes mesmo de ter seu nome aprovado para comandar o BC, ele reforçou que um dos principais papeis da instituição é manter a inflação em baixa e a moeda estável. O economista defendeu a autonomia do banco, mas não a independência total, e disse que governo federal deve traçar os objetivos e o banco precisa ter liberdade técnica e operacional para alcançá-los.

Apesar de cauteloso, Bonifácio afirma que este parece ser o caminho adequado no momento. “Em matéria de economia e de finanças somente a aplicação de determinados planos é que vai mostrar se eles dão resultado ou não. Acredito, a princípio, que sim, pois ele é uma autoridade da área, é um homem experimentado”, explicou o deputado.

“DRAGÃO” ESTÁ VIVO

Segundo o IBGE, a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou para 0,78% em maio, após ficar em 0,61% em abril. É a taxa mais alta para o mês desde 2008 e representa alta em relação ao 0,61% do mês anterior, além de ter feito o acumulado de 12 meses aumentar um pouco mais, para 9,32%. Capitais como Fortaleza e Porto Alegre sofrem com inflação anual ainda na casa de dois dígitos.

Segundo Bonifácio de Andrada, esses são problemas deixados pelo governo Dilma e que ainda precisarão de muito esforço para serem sanados. “Ainda não dá para fazer uma avaliação exata. Mas acho que são compreensíveis as dificuldades de agora, que deverão ser superadas à medida que o governo se esforçar pra vencer as deficiências deixadas pela presidente afastada”, explica.

Para o deputado, o problema maior da inflação diz respeito ao preço dos alimentos, pois atinge diretamente a todos os brasileiros.  “É uma questão séria e que está dentro do contexto geral”, aponta. A previsão é que o preço dos alimentos puxe novamente para cima a inflação geral. “Isso precisa ser vencido com ações que atinjam toda a economia”, conclui o decano da Câmara. 

(Reportagem: Djan Moreno/fotos: Alexssandro Loyola)

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8 junho, 2016 Últimas notícias Sem commentários »

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